Um "cadinho" de mim

São Luís, Maranhão, Brazil
Rita Luna Moraes Assistente Social e Bacharel em Direito. Servidora pública federal aposentada.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Quem cuidará de mim, quando eu envelhecer?

Há alguns meses, as atividades de trabalho e estudo me limitaram na ocupação deste espaço, onde expresso um pouco do que penso e sinto. Desejosa de retornar à casa que criei para me abrigar e acolher os que me honram com sua visita, trago uma reflexão pessoal retomada nesta madrugada em uma boa conversa com um querido amigo: "Quem cuidará de mim, quando eu envelhecer?" 

Dizem que dos filhos espera-se que cuidem de seus idosos na velhice. Infelizmente, em nossa realidade, há muitos pais, avós, tios idosos que cumprem um ritual de solidão avassalador. Penso, então, e eu que sequer tive filhos? Ainda que não seja uma carta de seguro, há aqueles filhos de bem que amparam e amam, incondicionalmente. 

Dizem, também, que companheiros de vida em comum (casados ou não, formalmente) são possibilidades de que não se veja a vida apenas pela tela da TV. De novo, não se tem esta garantia, porque as complexidades trazidas pelo tempo e que se encerram no envelhecimento precisam de doses aumentadas de compaixão. Penso, então, ainda, e eu que sequer vivencio companhia de vida em comum? 

Conclusão apressada a que podemos chegar: "estou lascada! A velhice que me espera será de solidão e desamparo." Muitos podem pensar que soa mórbido tratar disto, mas quem me conhece de perto sabe que não tenho receios de enfrentar temas "áridos". 

Num tempo em que as tecnologias, dizem também, aproximam as pessoas, como posso falar de solidão? Logo eu que transito bem nestes tempos web?! O tempo me trouxe sabedoria necessária para identificar quem pertence ao meu mundo real. E, neste meu mundo real, sem filhos - logo, sem netos - e sem companhia de vida em comum, quem me restará para cuidar de mim na velhice? Vamos atrás de algumas respostas. Sem dores.

Tenho irmãos! - Nossa trajetória não me permite afiançar que cuidarão de mim. Simples, assim! Minha única irmã, quem sabe?! Espero que esteja certa! (ahahahahah) 

Tenho sobrinh@s e afilhad@s! - Ahá, quem sabe el@s? Reconheço que querid@s sobrinh@s e afilhad@s terão suas vidas próprias, com filhos e carreiras e, talvez, não haja espaço para uma "velha" tia/madrinha.

Tenho prim@s! - Sou de uma época em que a convivência com prim@s era quase "obrigatória" - doce obrigação avançada para a idade adulta! Imagino que alguns deixarão seus afazeres e entrarão no turno de acompanhantes se de internação eu precisar. Também espero que esteja certa! (ahahahahah) 

Da família direta, pronto! Estas as possibilidades. Não adianta procurar outras aqui. Onde, então, buscarei esperança se alguma destas não se concretizar?

Espero que digam: "tens amig@s! E, logo tu, que os ama tanto..., não te faltarão!"
Posso responder: amig@s, tenho-os como irmãos escolhidos na vida! E, sim, os amo!
Mas também reconheço, sem amargura, que aqui também terei dificuldades em que "cuidem" desses meus tempos de velhice. Uma razão simples: estarão velhos como eu! (ahahahahah) 

Certeza mesmo tenho que continuarei, enquanto houver lucidez, compartilhando tempos de vida! Quem quiser me acompanhar, será bem-vind@!