Um "cadinho" de mim

São Luís, Maranhão, Brazil
Rita Luna Moraes Assistente Social e Bacharel em Direito. Servidora pública federal aposentada.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Uma mensagem para o fim e o início do ano e da vida

Último mês do ano e... que ano...! Muitas vezes dissemos isto Para o bem e para o mal Conquistas e frustrações Sonhos alcançados Expectativas não realizadas Mesmo tendo conquistas, eu continuo desejando mais Gratidão eu tenho Inquietação também O quê fazer com tamanha intensidade
Viver com intensidade tem sido desafio aumentado
Observo certa acomodação em contentar-se com o possível, ainda que mediano
Pessoas que se retraem Que condicionam seus dias a viverem na mesmice, por mais que esta até seja válida
Difícil encontrar quem não tenha agenda, horários marcados, programas acertados Lazer só no fim de semana, quando se permitem, sem culpas Deixar-se conduzir ante o espanto da vida Ir à praia na terça-feira Almoçar sem o celular na mesa Estar com as pessoas conversando sem necessidade de selfies, guardar os momentos nas memórias vivas e não nos cartões de memória
Demonstrar ao outro que se importa Do nada Sem que o outro espere Estar presente, mesmo distante Sentir que se tem com quem contar Nesse mundo maravilhoso - que nos une e nos separa de modos tão inesperados
Trazer para dentro de cada dia
um pouco que seja do melhor que pudermos ser para atender a nós mesmos, essencialmente, Para além de cumprir as metas do trabalho Para muito além do planejado Dias mais aleatórios, surpreendentes, desafiadores Fora das caixinhas que nos aprisionam Esbanjar afetos
Cicatrizar as feridas de uma vez Sem renovar a mesma dor, várias vezes Dispor-se a novas dores E a novas alegrias
Reflexões de fim de ano? Não Do ano todo Da vida toda Sem respostas prontas Mas na busca da intensidade que quase se perde No mar de artificialidades e sem-importâncias
Os olhos que vêem a superfície da vida
não sabem o que perdem com medo de aprofundar-se Assim na vida material, quando se mantém fazendo as mesmas atividades por tempos e tempos E na vida emocional, quando não consegue se relacionar com novas pessoas, ainda que haja infelicidade com quem está
Atento para mim mesma Num esconderijo pessoal, em que as portas teimam em se fechar Num desejo imenso de seguir viagem, trazendo as pessoas que a vida vai ofertando Sem esperar que venham Celebrando quando chegarem De mãos dadas De abraço apertado De beijo doce e quente Intensos

sexta-feira, 2 de junho de 2017

DITADURAS: externa e interna

Há uma ditadura imposta. Além da que se vive no país, nestes tempos sombrios.

Nos impõe que NÃO DEVEMOS deixar que nos atinjam. Como evitar?

Se fosse uma pedra, talvez não nos sentíssemos atingidos. Mas não somos. Corre sangue. Há afetos. Relações. Sentido de pertencer ao mundo.

Dizem pra não se entregar. Não criar expectativa. Se fosse ermitão, talvez. Melhor reconhecer que há crueldade.Te pisam. E tu TENS QUE perdoar.

Ficou chato buscar controlar a mente, cultivar bons pensamentos, relevar. As pessoas te ferram. E tu nem podes te defender.TENS QUE ser bom.

ESGOTADA. A visão idealista de que somos bons é idealista. A crueldade mora em nós. Atingimos o outro, em nome de sermos nós mesmos, sem dó.

A ditadura da SUPERAÇÃO quando te machucam, só machuca mais. TER QUE superar dores, te faz sentir impotente. Porque NINGUÉM sente sua dor.

E saem dizendo que "vai passar". Enquanto não passa - e muitas NÃO PASSAM - nem querem que você sinta, porque é fraqueza.TEM QUE suportar. Ditaduras.


Suicídio, eutanásia, "loucura" são desespero diante da ditadura de não conseguir superar a dor que todos dizem que você pode. Nem se olha o outro.