Um "cadinho" de mim

São Luís, Maranhão, Brazil
Rita Luna Moraes Assistente Social e Bacharel em Direito. Servidora pública federal aposentada.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Todos nós derrubaremos um avião, a não ser que

Madrugada insone... o gato, que não me representa, e que percorre o telhado, não cessa de miar. Insuportavelmente incômodo!

Norah Jones, para ouvidos cansados de tantos miados.

A foto de meu cão Bob, na tela deste computador, faz pingar água no teclado. Insuportável dor da perda! Cada dia é menor e a madrugada mais longa.

Acompanho o noticiário sobre a queda do avião nos Alpes franceses e o assombro de todos com a suposição de que o copiloto o teria derrubado deliberadamente. 
Buscam explicações. Depressão? Surto psicótico? Suicida homem-bomba?

Quantas dores, angústias, fantasmas e monstros guardamos em nosso ser. Quantos de nós penetramos no outro para ajudar a aliviar e compreender?

"Só eu sei, as esquinas por que passei..." canta Simone a música de Djavan.

"Coração é praça que ninguém passeia..." aprendi com uma amiga.

"A grama do vizinho é sempre mais verde..." dito popular.

Assustamo-nos com o avanço da crueldade do Estado Islâmico, que corta cabeças on line e faz do vídeo um troféu-vírus, que atravessa a internet como a lâmina no pescoço.

Nos escondemos no assombro, para não vermos o recrutamento de milhares de jovens, levados por fundamentalismos, por suas crenças, sim. Mas também, penso, pela ausência de perspectivas de vida, desesperançados, sem gritar suas dores silenciosas. Ninguém quer ouvir e eles explodem!

Tenho especial respeito pelos suicidas. Compreendo, como um ato de extrema coragem, aqueles que desistem dessa vida. Estou longe aqui de meus preceitos espirituais.

Igualmente, provoca-me movimento vital aqueles que morrem por suas causas. Instiga a que saiamos das zonas de conforto ilusórias em que nos envolvemos.

Defendo a eutanásia: penso que a vida vegetativa é desumana. Declaro que não a suportaria, como o inquieto protagonista do filme "Mar Adentro", um dos meus clássicos.

Pergunto-me, de quê somos capazes?!...
Respondo: de derrubar um avião, sim!

A não ser:

Que deixemos falar mais alto os afetos, a compaixão, o perdão, o cuidado em relação ao outro.

Que possamos ficar nus em nossas fragilidades, sem que sejamos recriminados e diminuídos.

Que olhemos para o lado, encontrando as diversas espécies e respeitando-as.

Que tratemos "as doenças da alma humana" com a devida atenção.

Tod@s conectados e tão sozinh@s em seus universos.

As almas dos animais (exceto, gatos) e das crianças nos indicam uma resposta: simplicidade no afeto e respeito ao espaço de cada ser! 

domingo, 11 de janeiro de 2015

"Por quem os sinos dobram?" Que dobrem por nós. Enquanto ainda restamos.

"Por quem os sinos dobram?" nos perguntou Hemingway.
Que dobrem por cada um de nós, humanos. Enquanto ainda restamos.
Quanta violência, gente. Aqui e acolá.

Das dezenas de mortes violentas em nossa terra, dia após dia.
Do incêndio na banca de revistas que sempre frequentava, bem antes de residir, por 2 anos, no Renascença II. Recentemente, por lá estive e a dona me perguntou por onde eu andava. Já existem tão poucas bancas de revistas na cidade... Triste, pela família que ali trabalha e pelo absurdo da violência.
Dos extremistas de todos os lugares e matizes que praticam violência contra os que vivem e pensam diversamente.
Pai que mata professor, porque seu filho foi reprovado.
Não quero debater, rasamente, neste espaço, fundamentalismos, culturas distintas, liberdades democráticas, respeito às diversidades.
Apenas me sinto menor como ser humano, diante de tanta violência.

Saudade em dia nublado

A saudade que combina com este domingo nublado vê suas lágrimas nos pingos de chuva que irrigam a terra e a vida.