Um "cadinho" de mim

São Luís, Maranhão, Brazil
Rita Luna Moraes Assistente Social e Bacharel em Direito. Servidora pública federal aposentada.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

2015: Vamos apostar? Eu bingo!

2015,

neste seu ano, minha mãe completará 90 de seus bem vividos anos...

eu farei 53 dos meus, igualmente, bem vividos...

completarei 10 de bem sucedido casamento, que me tem feito crescer muito como ser humano.

estarei disponível para dedicar-me à boa missão, para a qual fui escolhida.

espero (re)encontrar pessoas que me são muito, muito importantes. 

viverei, mais que nunca, a experiência da simplicidade.

meus cães estarão mais próximos e poderei viver meu afeto por eles, depois de 5 anos de separação. 

novos e grandes desafios profissionais.

tenho fé de que a vida se encaminha para grandes transformações e desejo contribuir.

sou uma aprendiz de ser humano e não me canso de acreditar de que a vida é dádiva a ser conquistada, cada segundo da existência.

Vamos apostar? Eu bingo!


domingo, 23 de novembro de 2014

Biógrafo de Clarice Lispector e a solidariedade ao #OcupeEstelita

Comentário que dirigi a Benjamin Moser, neste domingo, via Facebook:

RECOMENDADÍSSIMO! 

Uma das maravilhosas bênçãos que recebi ano passado: conhecer, pessoalmente, Benjamin Moser, biógrafo de minha autora preferida - Clarice Lispector. Sensível, dedicado estudioso e de um sorriso cativante! Desde lá, acompanho e recomendo seus lúcidos escritos. Ansiosa pela biografia que prepara sobre a Susan Sontag, cuja vida, para quem a acompanhou, a tod@s nos instiga.

Agora, esse grande escritor e cidadão do mundo, mais brasileiro que muitos de nós, engajado e sensível às dores e delícias da vida das outras pessoas, nos traz sua visão sobre a questão da ocupação urbana, arquitetura e direito à moradia, em novo livro que lança, depois de amanhã, pela editora recifense Cesárea, por R$ 3,00 o e-book “Cemitério da esperança”. O dinheiro arrecadado com o livro, que pode ser comprado no site www.cesarea.com.br, será revertido para o grupo de ativistas, que desde junho, após a reintegração de posse do terreno, organiza uma série de eventos e manifestações na cidade.

A crítica à aridez de Niemeyer também é minha: sinto falta de arborização na Praça Maria Aragão, em São Luís - Maranhão, única obra dele por estas bandas. Respeito as formas, mas também acho que tem muito "concreto" para o meu humilde sentir.


Gracias, Benjamin, por jogar luzes em questão crucial para nossa gente, nesta Terra, especialmente, para destacar a situação do Estelita, no Recife - PE.

Receba meu abraço fraterno. A semana inicia iluminada com seus belos olhos!

Veja matéria sobre o novo livro no link da matéria abaixo d'O Globo:

Biógrafo de Clarice Lispector vai doar renda de novo livro para Movimento Ocupe Estelita.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/livros/biografo-de-clarice-lispector-vai-doar-renda-de-novo-livro-para-movimento-ocupe-estelita-14634954#ixzz3JtbfWegs 


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Dos álbuns de mamãe

Oradora da Turma do 3º ano Científico, atual Ensino Médio, em 1979, aos 17 anos, no Colégio Batista Daniel de La Touche.
Sempre tímida e "eterna" representante das turmas por onde passei, consenti nesta honraria.
Queria reencontrar o texto... mas sou da época da Remington 500 amarelinha (máquina de escrever que ganhei de mamãe com 15 anos e nela escrevi esse "discurso"!)

Em processo de constante renovação, é muito saudável reencontrar-me com boas memórias.



sábado, 15 de novembro de 2014

um pouco (e mais) do que ouvi, ao vivo, de Pedro Tierra, na 8ª FeliS, neste novembro de 2014

Somente agora, passados alguns dias, vou aqui dizer do que ouvi na palestra de Pedro Tierra, na 8ª Feira do Livro de São Luís (FeliS), neste mês de novembro, em uma das salas do Convento das Mercês - observei que a sala era situada ao lado do busto do ex-Presidente Sarney.

Antes do início da exposição de Tierra, cumprimentei-o e disse-lhe que seus escritos construíram parte da minha trajetória como ser humano engajado na luta por transformação social. Agradeci-o.

Conheci sua obra nos tempos do movimento estudantil na UFMA, que depois acompanhou-me na militância sindical e partidária, nas décadas de 80 e 90.

Foi emocionante ouvir, de viva voz, algumas das histórias que compuseram a sua vida, na luta por liberdade e democracia, durante os anos de chumbo da Ditadura Militar, em que foi preso e torturado.

Na prisão, escrevia no papel do maço de cigarros, que conseguia de todos os fumantes. Nestes pedaços, compôs muitos de seus belos poemas, alguns dos quais recitou para a seleta plateia, do seu livro "Poemas do Povo da Noite", que conheci no livreto verde, relançado, anos depois.


Capa atual do livro-Mestre, que o acompanhava naquela noite memorável:


Como fizeram a diferença aqueles papeis de maços de cigarros, enrolados e colocados dentro de canetas Bic, trocadas, a cada interrogatório, com as de seu advogado...

Hilário ouví-lo narrar as reuniões que ocorriam nas celas, em que se encontravam os presos políticos. As intermináveis "análises de conjuntura" que buscavam a realidade sideral para alcançar a situação política no Brasil, fez-me relembrar as, igualmente, intermináveis reuniões e análises de conjuntura dos movimentos estudantil, sindical e partidário de que participei.

Ao final de sua conversa, senti renovados os votos de vida que fiz há muito tempo: dedicar-me para que as pessoas tenham dignidade! 
Abracei-o, novamente, emocionada e agradecida! 

2014, dos 50 anos do Golpe Civil-Militar, já podia acabar...

Poema – Prólogo

Fui assassinado.
Morri cem vezes
e cem vezes renasci
sob os golpes do açoite.

Meus olhos em sangue
testemunharam
a dança dos algozes
em torno do meu cadáver.
Tornei-me mineral
memória da dor.
Para sobreviver,
recolhi das chagas do corpo
a lua vermelha  de minha crença,
no meu sangue amanhecendo.

Em cinco séculos
reconstruí minha esperança.
A faca do verso feriu-me a boca
e com ela entreguei-me à tarefa de renascer.

Fui poeta
do povo da noite
como um grito de metal fundido.

Fui poeta
como uma arma
para sobreviver
                           e sobrevivi.
Companheira,
se alguém perguntar por mim:
sou o poeta que busca
converter a noite em semente,
o poeta que se alimenta
do teu amor de vigília
                   e silêncio
e bebeu no próprio sangue
o ódio dos opressores.

Porque sou o poeta
dos mortos assassinados,
dos eletrocutados, dos “suicidas”,
dos “enforcados” e “atropelados”,
dos que “tentaram fugir”,
dos enlouquecidos.

Sou o poeta
dos torturados,
dos “desaparecidos”,
dos atirados ao mar,
sou os olhos atentos
sobre o crime.

Companheira,
virão perguntar por mim.
Recorda o primeiro poema
que lhe deixei entre os dedos
e dize a eles
como quem acende fogueiras
num país ainda em sombras:
meu ofício sobre a terra
é ressuscitar os mortos
e apontar a cara dos assassinos.
Porque a noite não anoitece sozinha.
Há mãos armadas de açoite
retalhando em pedaços
o fogo do sol
e o corpo dos lutadores.

Venho falar
pela boca de meus mortos.
Sou poeta-testemunha,
poeta da geração de sonho
                                      e sangue
sobre as ruas de meu país.
Sobreviveremos


Perdemos a noção do tempo.
A luz nos vem da última lâmpada,
coada pela multidão de sombras.
A própria voz dos companheiros tarda,

como se viesse de muito longe,
como se a sombra lhe roubasse o corte.
Nessa noite parada sobrevivemos.
Ficou-nos a palavra, embora reprimida.

Mas o murmúrio denuncia que a vitória
não foi completa. Dobra o silêncio
e envia o abraço de alguém
cujo rosto nunca vimos e, todavia, amamos.

Nessa noite parada sobrevivemos.
Sobreviveremos.
Ficou-nos a crença, de resto, inestinguível, na manhã proibida.


Este vídeo abaixo representa bem o que nos disse sobre a "literatura de denúncia", 
de que é um dos mais belos expoentes.




Ele, que ficou preso no Carandiru, dentre outros Presídios, mais tarde, traduz toda a violência de que foram (são) vítimas inúmer@s trabalhador@s brasileir@s:


A pedagogia dos aços


Candelária,
Carandiru,
Corumbiara,
Eldorado dos Carajás...
A pedagogia dos aços
golpeia no corpo
essa atroz geografia...
Há cem anos Canudos,
Contestado,
Caldeirão...
A pedagogia dos aços
golpeia no corpo
essa atroz geografia...
Há uma nação de homens
excluídos da nação
Há uma nação de homens
excluídos da vida
Há uma nação de homens
calados,
excluídos de toda palavra.
Há uma nação de homens
combatendo depois das cercas.
Há uma nação de homens
sem rosto,
soterrados na lama,
sem nome
soterrados no silêncio
Eles rondam o arame
das cercas
alumiados pela fogueira
dos acampamentos.
Eles rondam o muro das leis
e ataram no peito
urna bomba que pulsa:
sonho da terra livre.
sonho vale uma vida?
Não sei. Mas aprendi
da escassa vida que gastei:
a morte não sonha.
A vida vale um sonho?
A vida vale tão pouco
do lado de fora da cerca...
A terra vale um sonho?
A terra vale infinitas
reservas de crueldade,
do lado de dentro da cerca.
Hoje, o silêncio pesa
como os olhos de uma criança
depois da fuzilaria.
Candelária,
Carandiru,
Corumbiara,
Eldorado dos Carajás não cabem
na frágil vasilha das palavras...
Se calarmos,
as pedras gritarão...


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Meus "drops" da apuração da eleição

Durante grande parte desta campanha eleitoral, mantive-me um pouco distante: por diversas razões pessoais. Escrevi pouco, tanto no 1º quanto no 2º turno, mas acompanhei, pela internet, atentamente, uma das mais tristes campanhas. Digna de muitas reflexões, para seguirmos em frente na construção de uma sociedade melhor. Meu respeito àqueles que pensam contrariamente. 
Ontem, como tod@s, acompanhei o resultado da eleição. Trago aqui 15 "drops" das muitas manifestações que fiz e vi no twitter, as sérias e as bem-humoradas, para que continuem a saber como penso e pelo que continuarei a lutar, além do texto no meu blog, que divulguei antes da eleição no link http://ritalunamoraes.blogspot.com.br/2014/10/13-razoes-radicais-para-votar-dilma.html
1. Meu voto de confiança em #DilmaNovamente não significa cheque em branco. Há que aprender as lições e avançar muito mais à esquerda. A luta continua! Só a luta muda a vida!
2. Zé Reinaldo, Roberto Rocha, Castelo e Brandão NÃO devem ter maior espaço no governo @FlavioDino. Hora de respeitar as urnas e as ruas e meu voto.
3. E #Sarney ganha mais uma... no Amapá.
4. Disse EU: Culpa do LULA. "@VEJA: Piora o estado de saúde do paciente com ebola em NY.
5. Melhor ver Roda a Roda Jequiti de Silvio Santos do que esperar resultado eleitoral.
6. Trigueiro - Omissão de Dilma e Aécio sobre temas como sustentabilidade e cultura foi muito evidente.
7. Seria historicamente vergonhoso depois das manifestações de junho eleger  um partido de direita conservador. Dilma é o que tem pra hoje! @Myyrela
8. 3 milhões de votos de diferença: o PT precisa repensar essa estratégia baseada no presidencialismo de coalização. 2018 vai ser mais duro... @mmrogens
9. Bonner vai chorar...
10. O povo não é bobo: ABAIXO A REDE GLOBO! Em horário nobre e sem a @redeglobo poder tirar do ar - não tem preço!
11. Engraçado que todo mundo descobriu só hoje que "o país está dividido". Claro que está. Os pobres e miseráveis sempre souberam disso. @willgomes
12. Pessoas falando de separação do Brasil. Ficaríamos com Norte, Nordeste, Rio e Minas. Do outro lado Sampa, Centro e Sul. Queria só ver no carnaval. @tiberioazul
13. 2 coisas MUITO tristes de hoje:
- gente que não sabe ganhar e humilha o derrotado
- gente que não sabe perder e ofende o vencedor. @rosana
14. Blaser de tia Dilma tá engelhado num grau. Cadê ferro de passar? @dadacoelho
15. Parabéns aos amigos Aecistas que mesmo com a derrota não usaram de preconceito, ódio, separatismo. Estamos juntos! Todo amor pra vcs! @paulinhabraun


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

13 razões radicais para votar Dilma

1. Coerência com minha trajetória de luta pessoal e profissional.
2. Reconhecimento de avanços nas políticas sociais para aqueles a quem escolhi defender na vida.
3. Pela transformação do sistema político: fim da reeleição, dos partidos de fachada e valorização dos mecanismos de participação direta da população.
4. Pela democratização dos meios de comunicação - não às concessões públicas de rádio e TV para agentes políticos.
5. Pela radicalização da educação pública de qualidade.
6. Pelo direito à saúde pública que garanta a vida.
7. Contra a redução da maioridade penal.
8. Pela radicalização da efetivação dos direitos dos indígenas.
9. Contra o trabalho escravo e o trabalho infantil.
10. Pela garantia de direitos culturais, de moradia e serviços públicos às famílias submetidas a impactos socioambientais decorrentes de grandes obras de infraestrutura.
11. Pela ampliação da matriz energética, com incentivo às fontes de energia limpa - a ex. da eólica e da biomassa.
12. Pelo respeito às religiões de matriz africana e à diversidade religiosa.
13. Pela defesa dos direitos das pessoas com deficiências, mulheres, negr@s, lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e travestis.

sábado, 4 de outubro de 2014

Almoço de véspera

Enquanto preparo "o de comer" fico ouvindo TV, que normalmente se assiste. Aproveito pra dizer que dividirei a torcida pelo Sampaio com o Expressinho. 
O time do Expressinho agora tem como dirigente, meu querido colega de escola pública da COHAB: Juca Baleia, grande goleiro do Sampaio.
Dia de Francisco de Assis. Efetivar preceitos franciscanos neste mundo de individualismos, luta pelo poder, de fome de comida e de justiça!
O "é dando que se recebe" de Francisco NADA tem a ver com o dos políticos. Usurparam seu sentido e sua prática. Lembrar São Francisco de Assis!
(Ai, ai, primeiro machucado do dia. De tanto me machucar sozinha, estou ficando curtida pra quando os outros me machucam. Sabedoria que doi.)
Ainda sob as bençãos de São Francisco de Assis, lembro sabedoria popular: "o pau que dá em Chico dá em Francisco". Ótima para este momento.
Tem candidato aqui da terra que vai provando do gosto amargo do próprio veneno que disseminou em 2010. Ah, a história.
Bom esse almoço ficar logo pronto, pra eu parar de conjecturar ante o que assisto e ouço na TV. 32 anos de participação e 16 eleições ensinam.
TV Guará e a Parada Gay do Parque Vitória: melhor eu ficar por aqui. Hora da alegria dos LGBTs que ensina a seriedade da causa com bom humor.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Sobre escolhas

Mamãe pergunta quem é meu candidato a deputado federal. Presidente, senador e governador vai pela cabeça dela e estadual com o candidato da minha irmã.
Em outras eleições, eu sempre anunciava meus candidatos e mamãe e papai (quando vivo) até que seguiam minhas escolhas. Tinha bons argumentos.
Eu poderia até debater as escolhas eleitorais de mamãe. Do alto de sua lucidez, quase nonagenária, não ouso contestá-la. Vê com os olhos dela.
Quando anunciava meus candidatos, aos familiares e amig@s, os argumentos eram fortes. Conclusão de hoje: as eleições andam carecendo de bons argumentos. Ao menos pra mim!
Para encerrar: não vou anunciar MINHAS ESCOLHAS eleitorais ou melhor dizendo: A escolha!
Sem tempo, sem paciência e sem estômago pra isto!
P.S Agradeço as sugestões de candidatos, mas já estou decidida!

sexta-feira, 20 de junho de 2014

RECOMENDO: "O Caminho do Meio e a Beleza: um novo jeito de ser Igreja", por Tereza Nascimento.

Nesta última quinta-feira, 19 de junho, celebração de Corpus Christi, feriado, logo cedo, tomando café com beiju, na Padaria perto de casa, lendo a versão impressa do jornal O Estado do Maranhão* deparei-me com um artigo que me chamou a atenção por seu título e sua assinatura. Extraordinariamente envolvente. Leitura de fôlego só. Identifiquei, pela qualidade da escrita, que seria de minha querida amiga Tereza. Tive grata surpresa com tão belo texto pelo conteúdo, pois desconhecia a existência do Grupo e sua perspectiva. Fiquei encantada. Ato contínuo, enviei e-mail a Tereza e pedi-lhe para compartilhar com vocês. Para os que se consideram espiritualizados, católicos ou não, poderão sentir a beleza do texto e o propósito do Grupo. Para os que descreem, boa oportunidade de refletir e, para todos, certamente, um prazeroso momento de ótima leitura. RECOMENDADÍSSIMO! E ainda ganha uma excelente indicação de trilha sonora, ao final. Agradeço a Tereza por me permitir divulgá-lo. Creio que aqueles que lerem tornar-se-ão melhores no exercício de sua fé ou na ausência dela.

* eu o leio, na casa de mamãe, que mantém assinatura antiga e na Padaria, quase sempre por cortesia do balconista. E nas bancas de revistas, quase sempre sem comprá-lo, nas 3 situações.


O Caminho do Meio e a Beleza: um novo jeito de ser Igreja
“A verdade anda de mãos dadas com a beleza e o bem”
(Papa Francisco)

No cenário da crucificação de Jesus, um detalhe passa despercebido por muitos, mas não para nós.
Esse detalhe consiste na existência de um jardim no local onde Jesus foi crucificado. Aliás, ele não só foi crucificado perto de um jardim, mas também enterrado nesse mesmo jardim (Jo 19, 41).
 Afirmo isto, porque, para nós, do Grupo Caminho do Meio, faz toda diferença refletir sobre o significado desse jardim, no cenário da crucificação e ressurreição de Jesus.
Primeiro de tudo: quem somos? O que é o Grupo Caminho do Meio?
É uma pequena reunião de pessoas amigas, que têm em comum a fé católica, que se encontram para conhecer, refletir, se encantar e vivenciar o Evangelho. Assim como no conto “A terceira Margem do Rio” de Guimarães Rosa, nós acreditamos que uma via para a prática do Evangelho pode ser o Caminho do Meio, ou seja, juntamos as duas margens, os vários caminhos, as inúmeras linguagens, as diversas interpretações. Misturamos todas as pedras e construímos a nossa estrada que leva a Deus.
Se para o poeta Carlos Drummond de Andrade ”no meio do caminho tinha uma pedra”, para nós, no meio do caminho tem o Evangelho! Porém, o Evangelho não está só no Caminho do Meio, ele tem como parceiros a música, o artesanato, a poesia, os aromas, a cultura popular, a pintura, o desenho, a dança, os meios de comunicação, a colagem, o cinema, a oração, o pão e o vinho. Enfim, todas as linguagens, caminhos do nosso tempo, que enriqueçam a compreensão da Palavra de Deus.
Enfim, o nosso olhar para as coisas de Deus é impregnado de beleza. Por isso, quando vemos a cena da crucificação e sepultamento de Jesus, o detalhe do jardim não passa despercebido.
O que significa, então, esse jardim para nós? Significa que não podemos parar só na dor da cruz, na desolação que ela implica e na morte que a simboliza. Existe um jardim no Gólgota (Lugar da Caveira), onde o crucificaram. Portanto, há esperança, há vida e ressurreição. E por que não beleza?
É um novo olhar para as Escrituras Sagradas. Um olhar que não esquece os detalhes. Pelo contrário, busca-os como um dos fios condutores da reflexão bíblica, pois, muitas vezes, é no detalhe que está a beleza!
Para minha alegria, desculpem-me a redundância, na sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho), o Papa Francisco chama atenção para o tema da beleza. Vejamos o que ele diz: “É bom que toda a catequese preste uma atenção especial à “via da beleza” (via pulchritudinis). Anunciar Cristo significa mostrar que crer n’Ele e segui-Lo não é algo apenas verdadeiro e justo, mas também belo, capaz de cumular a vida de um novo esplendor e de uma alegria profunda, mesmo no meio das provações. Nesta perspectiva, todas as expressões de verdadeira beleza podem ser reconhecidas como uma senda que ajuda a encontrar-se com o Senhor Jesus. Não se trata de fomentar um relativismo estético, que pode obscurecer o vínculo indivisível entre verdade, bondade e beleza, mas de recuperar a estima da beleza para poder chegar ao coração do homem  e fazer resplandecer nela a verdade e a bondade do Ressuscitado.”
Portanto, o Grupo Caminho do Meio segue a “via da beleza”, comunicando Jesus no meio urbano, de uma maneira nova, com ambientação adequada, símbolos eloquentes e motivação atraente.
Concretamente, como isso ocorre? O Caminho do Meio se encontra, mensalmente, para refletir sobre a Palavra de Deus. Como os primeiros cristãos, o grupo se reúne em pequenas comunidades, nas casas dos seus membros, onde se partilha a Palavra e o Pão.  É no espaço das reuniões que se manifesta, primordialmente, o jeito “caminho do meio” de evangelizar. Por meio de místicas e dinâmicas, inspiradas no Evangelho, nós pintamos, desenhamos, rezamos, montamos quebra-cabeças, usamos poesia e textos literários, moldamos com massas coloridas, assistimos à cenas de filmes e soltamos balões. Tudo isso ao som de MPB, world music ou cantos gregorianos. E no final de cada reunião, os participantes recebem um “mimo”.
O mimo é um capítulo à parte, é a memória da reunião, que os caminhantes (assim são chamados os participantes) recebem como toque poético do Caminho do Meio. Pode ser um artesanato, um livro, cartões postais, uma imagem de Santa Luzia ou Santo Antônio, uma concha de Santiago de Compostela, um ticket para tomar um cappuccino com um amigo do grupo ou ainda uma pequena cruz dentro de uma caixa de fósforo.
Enfim, o nosso objetivo é usar a arte, na obra evangelizadora, para transmitir a fé e comunicar Jesus, deixando de lado a segurança das margens para tornarmo-nos discípulos missionários na terceira margem do rio.
Termino citando novamente a Exortação Apostólica do Papa Francisco, A  Alegria do Evangelho: “É preciso ter a coragem de encontrar os novos sinais, os novos símbolos, uma nova carne para a transmissão da Palavra, as diversas formas de beleza que se manifestam em diferentes âmbitos culturais, incluindo aquelas modalidades não convencionais de beleza.”
O Grupo Caminho do Meio tem seis anos de existência.*
PS: Escrevi este texto ao som de Bjork, Marlui Miranda e uma coletânea de músicas asiáticas. Trilha sonora perfeita para o Caminho do Meio.
*Tereza Nascimento, jornalista e fundadora do Grupo Caminho do Meio.

domingo, 8 de junho de 2014

Reflexão de sábado

Terapia da pia seria uma rima 
se não fosse uma excelente oportunidade 
de passar a limpo mais do que pratos, talheres e panelas.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Carta às (aos) estudantes de Serviço Social da UFMA

Caríssim@s,

Há algum tempo, desejava falar com vocês. Recebo convites para depoimentos e entrevistas. Aqui faço uma síntese. 

Acompanho com interesse o Movimento Estudantil (ME) na UFMA. Especialmente, no Serviço Social, de onde vim. 

Em 1980, restabelecemos a representação dos estudantes, com as primeiras eleições diretas pós-ditadura militar e honrosamente assumi a Secretaria Geral da 1ª Diretoria do Diretório Acadêmico (DA) "8 de março" (hoje Centro Acadêmico - CASS). 

Ano passado, representei esta Diretoria na homenagem pelos 60 anos do SS no Maranhão. Mais uma vez, vi-me envolvida pela atmosfera que somente aqueles que vivenciam o ME podem sentir. O que sou, profissional e pessoalmente, tem a marca profunda dos intensos anos vividos nos corredores e salas do Campus. 

A militância estudantil, firmada na defesa dos interesses da educação pública, gratuita e de qualidade para tod@s, não se limitava exclusivamente aos interesses estudantis. 

Ultrapassou os muros do Campus e aliou-se às lutas contra os altos preços dos produtos básicos, pela reforma agrária, por salários justos para os trabalhadores e pelo direito à saúde. 

Compreendíamos que não era suficiente aprender que nossa "clientela" seriam os mais pobres. Aprendemos que devíamos nos aliar à luta desses mais pobres para contribuir na transformação de suas realidades de vida. 

Muitos de nós, eu mesma, fomos/somos militantes sindicais e partidários; assumimos postos de comando no nosso Estado e cidade, nos poderes executivo, legislativo e judiciário; muit@s foram/são professores universitários e, seguramente, fizeram/fazem a diferença. 

E continuamos a luta pela emancipação dos trabalhadores, cada vez mais com sua vida desvalorizada. 

As lutas, muitas delas, continuam as mesmas, com novos contornos, mas muitas conquistas alcançamos e, se hoje, muitos dos atuais estudantes afastam-se de suas entidades estudantis ou creem que devem se limitar aos muros do Campus, certamente, um olhar para a nossa história fará bem a tod@s. 

Um profissional não se forma aprendendo apenas na sala de aula. O mundo e a vida são bem maiores e o ME na Universidade permite ampliar os horizontes. 

Os profissionais que encontrei em minha trajetória que viveram o ME têm uma atuação destacada na sociedade, na construção de nossa profissão e na luta por uma sociedade igualitária. 

O ME no Serviço Social da UFMA tem uma história que nos honra a tod@s! 

Que possamos contribuir, cada um de nós, para que continue a nos honrar, tornando-nos profissionais comprometidos com a vida e a vida em abundância.  

  Escrevo em maio, quando celebramos o Dia do Assistente Social, 
neste ano de 2014, dos 50 anos do Golpe Militar no Brasil, 
em honra de tod@s os estudantes e trabalhadores que lutaram e lutam 
pela transformação social

Rita Luna Moraes, militante estudantil e Assistente Social formada no ME da UFMA