Madrugada
insone... o gato, que não me representa, e que percorre o telhado, não cessa de
miar. Insuportavelmente
incômodo!
Norah Jones, para ouvidos cansados de tantos miados.
A foto de meu
cão Bob, na tela deste computador, faz pingar água no teclado. Insuportável
dor da perda! Cada dia é menor e a madrugada mais longa.
Acompanho o
noticiário sobre a queda do avião nos Alpes franceses e o assombro de todos com
a suposição de que o copiloto o teria derrubado deliberadamente.
Buscam
explicações. Depressão? Surto psicótico? Suicida homem-bomba?
Quantas dores,
angústias, fantasmas e monstros guardamos em nosso ser. Quantos de nós
penetramos no outro para ajudar a aliviar e compreender?
"Só eu
sei, as esquinas por que passei..." canta Simone a música de Djavan.
"Coração
é praça que ninguém passeia..." aprendi com uma amiga.
"A grama
do vizinho é sempre mais verde..." dito popular.
Assustamo-nos
com o avanço da crueldade do Estado Islâmico, que corta cabeças on line e faz do vídeo um troféu-vírus,
que atravessa a internet como a lâmina no pescoço.
Nos escondemos
no assombro, para não vermos o recrutamento de milhares de jovens, levados por
fundamentalismos, por suas crenças, sim. Mas também, penso, pela ausência de perspectivas
de vida, desesperançados, sem gritar suas dores silenciosas. Ninguém quer ouvir e eles explodem!
Tenho especial
respeito pelos suicidas. Compreendo, como um ato de extrema coragem, aqueles
que desistem dessa vida. Estou longe aqui de meus preceitos espirituais.
Igualmente,
provoca-me movimento vital aqueles que morrem por suas causas. Instiga a que
saiamos das zonas de conforto ilusórias em que nos envolvemos.
Defendo a
eutanásia: penso que a vida vegetativa é desumana. Declaro que não a suportaria, como o inquieto protagonista do filme "Mar Adentro", um dos meus
clássicos.
Pergunto-me,
de quê somos capazes?!...
Respondo: de
derrubar um avião, sim!
A não ser:
Que deixemos
falar mais alto os afetos, a compaixão, o perdão, o cuidado em relação ao
outro.
Que possamos
ficar nus em nossas fragilidades, sem que sejamos recriminados e diminuídos.
Que olhemos
para o lado, encontrando as diversas espécies e respeitando-as.
Que tratemos "as
doenças da alma humana" com a devida atenção.
Tod@s conectados
e tão sozinh@s em seus universos.
As almas dos
animais (exceto, gatos) e das crianças nos indicam uma resposta: simplicidade
no afeto e respeito ao espaço de cada ser!