Um "cadinho" de mim

São Luís, Maranhão, Brazil
Rita Luna Moraes Assistente Social e Bacharel em Direito. Servidora pública federal aposentada.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Aula pública sobre a importância histórica e cultural da vila de Vinhais Velho


Na próxima terça-feira (31), às 9h, na sala de reuniões do jornalO Imparcial (Rua Assis Chateaubriand, nº. 1, Renascença, atrás do Tropical Shopping) – o Cine Ímpar está em reforma –, acontecerá uma aula pública, a ser ministrada pelos professoresLeopoldo Vaz e Antonia Mota, respectivamente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM) e Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

A aula pública, gratuita, abordará a importância histórica e cultural da vila de Vinhais Velho. O espaço disponibilizado pelo matutino comporta 50 pessoas. Na ocasião será lançado um abaixo-assinado em favor da permanência dos moradores na localidade e da preservação de seus patrimônios histórico, arqueológico e cultural/humano.

Fala a urbanista e Relatora da ONU, Raquel Rolnik, sobre a desocupação de Pinheirinho, em SP.

Pinheirinho não é um caso isolado
27/01/12 por raquelrolnik
Veja a entrevista concedida à Folha de São Paulo sobre o Pinheirinho e a questão das remoções no Brasil.
Ação no Pinheirinho viola direitos, diz relatora da ONU
Eleonora de Lucena
São Paulo
 
O processo de reintegração de posse de Pinheirinho viola os direitos humanos. É preciso suspender o cerco policial e formar uma comissão independente para negociar uma solução para as famílias.
A opinião é da relatora especial da ONU para o direito à moradia adequada, a arquiteta e urbanista Raquel Rolnik, 55, que enviou um Apelo Urgente às autoridades brasileira pedindo explicações sobre o caso. Para ela, professora da FAU/USP, o país caminha para trás no campo dos direitos humanos e a pauta da inclusão social virou “sinônimo apenas da inclusão no mercado”.
Nesta entrevista, ela avalia também o episódio da cracolândia. Faz críticas do ponto de vista dos direitos humanos e da concepção urbanística. Rolnik aponta para violações de direitos em obras da Copa e das Olimpíadas e avalia que “estamos indo para trás” em questões da cidadania.
No plano mais geral, entende que o desenvolvimento econômico brasileiro está acirrando os conflitos em torno da terra –nas cidades e nas zonas rurais. E defende que “as forças progressistas”, que na sua visão abandonaram a pauta social, retomem “essa luta”.
Folha – Qual sua avaliação sobre o caso Pinheirinho?
Raquel Rolnik - Como relatora enviei um Apelo Urgente às autoridades brasileiras, chamando atenção para as gravíssimas violações no campo dos direitos humanos que estão acontecendo no processo de reintegração de posse no Pinheirinho. Posso apontar várias dessas violações. Minha base legal é o direito à moradia adequada, que está estabelecido nos pactos e resoluções internacionais assinados pelo Brasil e que estão em plena vigência no país.
O grande pano de fundo é que não se remove pessoas de suas casas sem que uma alternativa de moradia adequada seja previamente equacionada, discutida em comum acordo com a comunidade envolvida. Não pode haver remoção sem que haja essa alternativa. Aqui se tem uma responsabilização muito grave do Judiciário, que não poderia ter emitido uma reintegração de posse sem ter procurado, junto às autoridades, verificar se as condições do direito à moradia adequada estavam dadas. E não estavam.
O Judiciário brasileiro, particularmente do Estado de São Paulo, não obedeceu à legislação internacional. A cena que vimos das pessoas impedidas de entrar nas suas casas e de pegar seus pertences antes que eles fossem removidos para outro local –isso também é uma clara violação. Isso não existe! Nenhuma remoção pode deixar a pessoa sem teto. Nenhuma remoção pode impor à pessoa uma condição pior do que onde ela estava. São duas coisas básicas.
Nenhuma remoção pode ser feita sem que a comunidade tenha sido informada e tenha participado de todo o processo de definição do dia da hora e da maneira como isso vai ser feito e do destino de cada uma das famílias.
Tudo isso foi violado. Já violado tudo isso, de acordo com a legislação da moradia adequada, tem que fazer a relação dos bens. Remoção só deve acontecer em último caso. Isso foi absolutamente falho.
Essa área não poderia ser decretada de importância social?
Não pode haver uso da violência nas remoções, especialmente com crianças, mulheres, idosos e pessoas com dificuldade de locomoção. Vimos cenas de bombas de gás lacrimogêneo sendo jogadas onde tinham mulheres com crianças e cadeirantes. Coisa absolutamente inadmissível.
Desde 2004 a ocupação existe e acompanhei como ex-secretária nacional dos programas urbanos do Ministério das Cidades. A comunidade está lutando pela urbanização e regularização desde 2004. Procuramos várias vezes o então prefeito de São José dos Campos para equacionar a regularização e urbanização.
O governo federal ofereceu recursos para urbanizar e para regularizar a questão fundiária. O governo federal não executa. O recurso é passado para municípios.
Prefeito do PSDB jamais quis entrar em qualquer tipo de parceria com o governo federal para viabilizar a regularização e urbanização da área.
Pergunte para ele. Nunca quis tratar. A urbanização e regularização da área seria a melhor solução para o caso. A situação é precária do ponto de vista de infraestrutura, mas poderia ser corrigida. Aquela terra é da massa falida da Selecta, que é um grande devedor de recursos públicos, de IPTU. A negociação dessa área seria facilitada.
Se poderia estabelecer com eles uma dação em pagamento. Mesmo se não fosse viável uma dação em pagamento, a terra poderia ser desapropriada por interesse social, pelo município, Estado ou União.
Como fica a questão dos credores da massa falida?
Não sei quantos e quais são os credores. Recebi informações, que não sei se estão confirmadas, de que os maiores credores são os próprios poderes públicos, prefeitura municipal, Estado e governo federal, dívidas de INSS e impostos com o governo federal, principalmente dívidas com o município e governo federal. Não tenho certeza. Faz todo o sentido o equacionamento dessa terra para os poderes públicos e a posterior regularização fundiária para os moradores.
Como a sra. analisa a questão da disputa partidária no episódio, envolvendo PSDB, PT. O PSTU jogou para o confronto? Poderia ter solução sem confronto?
Não podemos ignorar que a questão partidária intervém nessa questão e em muitas outras. Há presença do conjunto dos partidos do país na disputa dos conflitos fundiários, assim como no investimento, regularização e urbanização dessas áreas. Existe a questão partidária e ela foi explorada nesse caso.
A questão fundiária do Brasil é politizada integralmente. Não só nesse caso. Há presença dos partidos também no momento que se muda o zoneamento da cidade para atender os anseios de determinados grupos imobiliários que vão doar para determinadas campanhas. Não tem processo decisório sobre a terra no Brasil que não esteja atravessado por questões econômicas e políticas.
Independentemente disso, atender plenamente aos direitos dos cidadãos tem que ser cobrado por nós, cidadãos brasileiros. Não quero saber se o PT, o PSDB, o PSTU estão querendo tirar dividendos disso. Como cidadã, isso não interessa. O que interessa é que o cidadão, as pessoas têm que ser tratadas como cidadãos, independentemente da sua renda, independente se são ocupantes formais ou informais da terra que ocupam, independentemente da sua condição de idade, gênero.
Não pode haver diferença e nesse caso houve claramente um tratamento discriminatório. E isso a lei brasileira impede que seja feito. Então há uma violação.
Não tenho detalhes de como cada uma das lideranças agiu antes e durante a entrada da polícia. Se houve um líder que conclamou à violência, essa informação eu não tenho. É fato que a comunidade procurou resistir, porque acreditou que aquela liminar que suspendia a reintegração ainda estava válida. Por isso resistiu. Pode ter alguém conclamando à resistência ou não. Se a comunidade vai entrar nessa ou não, depende da própria avaliação que a comunidade faz: se ela tem chance de ficar ou não. A comunidade acreditou que a liminar estava suspensa e estava apostando em uma solução que estava em andamento.
Chamo atenção para a enorme irresponsabilidade do Judiciário nesse caso. Tínhamos uma situação de negociação em andamento. Sou contra [o confronto]. Sou absolutamente a favor de soluções pacíficas e, nesse caso, elas não foram esgotadas. Um contingente de 1.800 homens, helicópteros, usando elemento surpresa, uma linguagem de guerra.
Como avalia PT e PDSB nesse caso. A sra é do PT, não?
Não. Eu aqui falo como relatora dos direitos à moradia adequada. A questão partidária que existe é irrelevante. Os direitos dos cidadãos precisam ser respeitados.
O que se deve esperar como consequência concreta desse Apelo? A sra. acredita que possa haver reversão desse processo?
As autoridades têm 48 horas para responder ao Apelo. Confirmando ou não as informações de violação. Estamos alegando que houve informações sobre feridos, eventualmente mortes, que não houve. O Apelo é mandado para a missão permanente do Brasil em Genebra, que manda para o Ministério das Relações Exteriores e o MRE é quem faz o contato com a prefeitura, o governo do Estado e os órgãos do governo federal para responder.
Amanhã [hoje] faço um pronunciamento público. Nele peço que seja imediatamente suspenso o cerco policial, que se estabeleça uma comissão de negociação independente, com a participação da prefeitura, governo do Estado, governo federal e representação da própria comunidade, para que se possa encontrar uma solução negociada para o destino da área e das famílias. Que é a questão principal: o destino das famílias. Na minha opinião, idealmente, isso deveria envolver a própria área.
A sra. não descarta a hipótese das famílias voltarem para a mesma área?
Não descarto. Se houver um acordo em torno da questão da terra, inclusive com a massa falida da Selecta, seria possível. O mais importante: temos que acabar com esse tipo de procedimento nas reintegrações de posse no Brasil.
Não é só no Pinheirinho que estão acontecendo violações. Tenho denunciado como relatora que as remoções que estão acontecendo também violações no âmbito dos projetos de infraestrutura para a Copa e para as Olimpíadas. Menos dramáticas, talvez, do que no Pinheirinho, mas igualmente não obedecendo o que tem que ser obedecido.
A questão social no Brasil ainda é um caso de polícia?
Infelizmente tenho a sensação de que estamos indo para trás. Porque nós –e a minha geração fez parte disso– lutamos pelo Estado democrático de direito, pela questão da igualdade do tratamento do cidadão, pela questão dos direitos humanos. Para nós, a partir da Constituição isso virou um valor fundamental.
Nesta mesma Constituição se reconheceu o direito dos ocupantes de terra com moradia, que ocuparam por não ter outra alternativa.
Está na Constituição e, agora que o Brasil está virando gente grande do ponto de vista econômico, estamos voltando para trás no que diz respeito a esses direitos. Estamos assistindo a remoções sendo feitas sem respeitar [esses direitos]. Estamos assistindo um discurso totalmente absurdo –de que eles, que ocupam áreas, que não tiveram outra alternativa, são invasores. Como eles não obedeceram a lei, não temos que obedecer lei nenhuma com eles.
É um discurso pré-Constituinte. Isso foi amplamente reconhecido na Constituição. Tem artigo sobre isso. Estamos tratando essas questões não só aí [no Pinheirinho]. Veja como isso está sendo tratado na cracolândia. Vemos isso em várias remoções nos casos da Copa e das Olimpíadas. Simplesmente há um discurso: eles são invasores, não obedeceram a lei, para eles não vale nada da lei. Estamos picando a Constituição.
É preciso ver como se foi constituindo uma pauta dominante. Como a pauta da inclusão social acabou sendo sinônimo apenas da inclusão no mercado, via melhoria das condições de renda. A inclusão no campo cidadão acabou tendo um papel muito menor e menos importante.
Nesse momento de desenvolvimento econômico muito importante, as terras urbanas e rurais adquirem um enorme valor econômico. Os conflitos em torno da terra estão sendo acirrados em função disso, dado o enorme e importante valor que a terra está assumindo. A exacerbação dos conflitos de terra tem a ver com o aumento do interesse pela terra.
Qual sua visão sobre os incêndios em favelas em São Paulo?
Que favelas pegam fogo em São Paulo? As favelas melhor localizadas. Não vejo notícia de favela pegando fogo na extrema periferia na região metropolitana, que é onde mais tem favela.
A hipótese tem a ver com a importância estratégica de uma parte da terra ocupada por favelas –a importância estratégica para o mercado imobiliário de uma parte da terra ocupada por favelas. Trata-se de uma espoliação: uma terra valiosa em que você tira a favela e pode atualizar o seu valor. Dentro de um modelo em que o único valor que importa é o valor econômico e os outros valores não importam, tirar essa terra valiosa de uma ocupação de baixa renda faz sentido.
Mas a terra tem outros valores. Por exemplo, a função social da terra, outra coisa que está escrita na nossa Constituição. Não estou afirmando que esses incêndios sejam criminosos, porque não tenho nenhuma prova, nenhuma referência que me permita dizer isso. Entretanto, acho fundamental que esses incêndios sejam investigados. Por que esses incêndios estão ocorrendo agora exatamente nessas favelas?
Como a sra. analisa a questão da Cracolândia?
Tem muito a ver com isso tudo, embora existam outros direitos humanos envolvidos. Estamos fazendo um Apelo Urgente também sobre a cracolândia, conjuntamente com o relator para direitos da saúde e com o relator sobre tratamento desumano e tortura. Devemos enviar brevemente.
Estamos numa situação em que um projeto urbanístico, que é o da Nova Luz, tem como principal instrumento a concessão dessa área integralmente para a iniciativa privada. A viabilização para a concessão dessa área é entregar essa área “limpinha”. “Limpinha” significa sem nenhuma população vulnerável, marginal, ambígua sobre ela. E, no máximo possível, com imóveis demolidos, para permitir que se faça um desenvolvimento imobiliário com coeficiente de aproveitamento muito maior, prédios mais altos etc. E, portanto, com muito mais potencial de valor no mercado. Isso está diretamente relacionado ao modelo da concessão urbanística.
No plano urbanístico da Nova Luz, um dos principais princípios é liberar áreas dos imóveis e das pessoas que ocupam hoje, para permitir que essas áreas sejam incorporadas pelo mercado imobiliário com potenciais de aproveitamento maiores.
Tenho uma crítica do ponto de vista dos direitos humanos, da forma como tem sido feito. Como no caso do Pinheirinho: uso da violência policial e incapacidade de diálogo com a população. Mas também como urbanista tenho uma enorme crítica a esse plano da Nova Luz, que desrespeita o patrimônio material e imaterial ali presente. O bairro da Santa Ifigênia é o bairro mais antigo de São Paulo. É o único que ainda tem uma morfologia do século 18. Uma parte dos imóveis que está sendo demolida, supostamente interditada, deveria ser restaurada e reocupada. A ação é duplamente equivocada –do ponto de vista urbanístico e dos diretos humanos.
Como a sra. resume toda essa situação? É um processo de expulsão dos mais pobres?
Exatamente. Eu me recuso a chamar aquele local de cracolândia, porque foi um termo forjado pela Prefeitura de São Paulo. O fato de essa área estar ocupada por pessoas viciadas, que estão no limite da inumanidade, foi produto da ação da prefeitura, que entrou nessa área demolindo, largando a área, não cuidando da área, deixando acumular lixo e transformando essa área em terra de ninguém.
Isso é fruto da ação da prefeitura e não da falta de ação da prefeitura. Para depois chamar de cracolândia e depois constituir um motivo para entrar dentro dessa área derrubando tudo, prendendo todo mundo e limpando aquela área como terra arrasada para que uma ação no mercado imobiliário possa acontecer.
Estamos caminhando perigosamente no sentido da hegemonia do valor econômico da terra como único valor, desconstituindo avanços importantes que a sociedade brasileira fez no reconhecimento do direito de cidadania. Isso é muito perigoso para o país. Espero sinceramente que a partir da comoção do debate gerado sobre o Pinheirinho se possa reverter esse caminho.
O Brasil tem a faca e queijo na mão para poder mudar radicalmente de atitude. O Brasil tem recursos econômicos. Tem um ordenamento jurídico que permite respeitar os direitos.
O Judiciário tem que acordar para aplicar não apenas o direito de propriedade nos processos que envolvam conflitos de propriedade, mas também o resto do ordenamento jurídico que temos.
Os Executivos municipais, estaduais e federais também têm que rever a sua ação no sentido de obedecer isso. Temos recursos e temos uma base jurídica para poder recuperar esse caminho.
O modelo hoje beneficia os mais ricos?
É muito genérico falar dos mais ricos. É preciso ver quais são os interesses beneficiados e que não estão sendo beneficiados. Qual é a coalizão de interesses que está promovendo esse tipo de ação.
Temos que entender que sempre existiram forças conservadoras no país. Por que hoje elas têm mais força, mais poder? As forças progressistas abandonaram essa pauta e essa agenda e precisam retomá-las. Existem forças progressistas no Brasil.
Abandonaram a pauta social por quê?
Porque privilegiaram fundamentalmente a inclusão pelo consumo, o maior poder de compra, a valorização de salário, que são pautas fundamentais. Mas não pode ser só isso. Está na hora das forças progressistas retomarem essa luta.
Para ler o artigo no site da Folha clique aqui.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Carta para um “novo” ano


Cada vez que iniciamos um ano esperamos que ele, verdadeiramente, seja novo.  

Pergunto-me como isso pode ser possível se somos os mesmos, se pouco ou quase nada mudamos: não há virada de ano que nos vire de ponta cabeça.
Não seria necessário que, para um novo ano, fôssemos, também, novos?

Longe de parecer pessimista ou realista extremada, reflito se o que desejamos na virada do ano não se distancia de nós a cada dia que passa. Nossos desejos de saúde, paz e felicidade tornam-se vazios diante de nossa inércia, esbarram em nosso distanciamento das ações concretas.

Pretendia escrever na virada do ano, mas observo que nesta época, especialmente, as pessoas se deslumbram com a magia das luzes e a ilusão dos presentes: assim, não seria ouvida.

Saio agora para refletir com as pessoas que conheço: o que ocorre conosco, a cada ano, que nos distanciamos mais e mais dos sentimentos verdadeiros e artificializamos a vida?
Parece-me, às vezes, que vale um certo faz-de-conta. Pouco nos valorizamos como seres que precisam um do outro.

De há algum tempo, penso que as pessoas que encontro no dia a dia se parecem mais com robôs do que com pessoas... Reproduzem mecanicamente práticas de convivência que vêm carregadas de sentimentos, a meu sentir, empobrecedores: dissimulação, intriga, discórdia, ciúme, falsidades, imposições, posses, enfim, o que costumo chamar de artificialidades, desprovidas de um real sentimento de valorização de si mesmo e do outro.

Recentemente, postei na seção deste blogue, aí ao lado, “Carpe Diem", em que expresso minhas ideias: Quanto mais me esforço, parece-me, às vezes, que menos compreendo o ser humano. Mas vou continuar me esforçando...
É este o meu sentimento de ano novo: continuar me esforçando pra compreender o ser humano, não necessariamente aceitá-lo como é, mas, refletindo diante da ação de cada um, para tornar-me melhor do que sou. Minha pretensão primeira é refletir sobre o mundo em que vivo e, ao lado das pessoas com quem convivo, alcançar dias melhores dos que vejo hoje.

Como sempre, são reflexões abertas ao diálogo. Compartilhar o que penso e o que vivo fazem parte de minha essência. Ouço de alguns que me exponho em demasia; de outros, que sou corajosa ao me expor. Vou me conduzindo como acredito que sou mais feliz: “pagando pra ver” o que é esse tal viver.

O ano será realmente novo se, e somente se, formos novos.

Desejo, então, a tod@s e todos que me honram com sua leitura: FELIZES SERES NOVOS!

domingo, 15 de janeiro de 2012

Chico Xavier - "Mais ou Menos"


"A gente pode morar numa casa mais ou menos, 
numa rua mais ou menos, 
numa cidade mais ou menos, 
e até ter um governo mais ou menos.
A gente pode dormir numa cama mais ou menos, 
comer um feijão mais ou menos,
ter um transporte mais ou menos,
e até ser obrigado a acreditar mais ou menos no futuro.
A gente pode olhar em volta e sentir que tudo está mais ou menos... tudo bem!

O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum

é amar mais ou menos,
sonhar mais ou menos, 
ser amigo mais ou menos, 
namorar mais ou menos, 
ter fé mais ou menos, 
e acreditar mais ou menos.
Senão, a gente corre o risco de se tornar uma pessoa mais ou menos."
Chico Xavier

domingo, 1 de janeiro de 2012

Carta a um amigo que se foi e aos que ainda estão aqui: encontros e despedidas – quanta emoção!


Queridos Rogerio e outros amigos,

No último dia do ano, soube da tua partida há três semanas. Mas não vou traçar estas linhas pelo caminho da morte e da tristeza. Não, esta notícia será fio condutor do que tenho refletido e do que pretendo compartilhar no limiar de mais um ano em nossas vidas.

A vida que aproxima, também distancia” é meu primeiro “Carpe Diem” deste 2012.

Ainda no final de 2010, quando vivia momentos de fortes transformações pessoais, mantinha comigo o desejo de retomar aproximação com velhos e bons amigos de outras vivências. Comprometi-me que em 2011 teria isto como uma de minhas prioridades.

Saí, então, à cata deles. Reencontrei muitos: alguns tive o prazer de rever; com outros, servi-me das novas tecnologias - E-mail, Facebook e Google – para reativar e reavivar a amizade.

A cada reencontro, uma grande emoção. Pessoas que atravessam o nosso caminho trilham em nosso chão principal – o coração – uma marca que nenhum tempo é capaz de apagar.

Dos amigos comuns a ti, caro Rogerio, (do nosso grupo na Igreja Católica, nos tempos de tenra juventude) me reaproximei de Keila (a quem dirigi uma Carta, aqui publicada, no dia de seu aniversário, em fevereiro de 2011, link: http://www.ritalunamoraes.blogspot.com/2011/02/carta-minha-amiga-keila.html), Gilson e Helena (viúva de Cesar, precoce e estupidamente retirado de nosso convívio). De quebra, ainda conheci Cesinha (filho mais velho e que me chama de quase-madrinha - posto que perdi de bom grado pra Keila) e Maria Flor, a linda filha de Gilson. Faltavam Nonato, Alex e tu.

Pretendia marcar um almoço em que nos encontrássemos para um abraço e uma boa conversa.  Já estava mobilizando... Na última quinta-feira do ano, à saída do Cine Praia Grande, encontrei Gilson e voltei a falar em meu propósito, a que ele reafirmou igual desejo. Farás falta com teu sorrido e generosidade. Mas lá serás lembrado com carinho.

Também reencontrei minha querida madrinha de Crisma e lá se foi tamanha emoção. Com ela, estive com alguns de seus filhos e conversei via fone com minha grande amiga Lenice - outra da época de juventude e que me fez escolher madrinha Raquel. (Vou marcar um almoço com todos eles e levar minha mãe - no Bar e Restaurante Oásis, na Litorânea, que recomendo, especialmente, às sextas-feiras, ao som de Lívia Amaral).

Abraçar minha linda filha Sofia, ao final do show do Jota Quest foi uma dádiva que agradeço todos os dias. Já não a via há muitos anos. Eu que ajudei a cuidar dela ainda bebê. Não mais a perco de vista, seja ao vivo, ao telefone ou no facebook ou no twitter.

Dirigir à amiga Zaira a minha Carta de Despedida como Assistente Social - no link: http://www.ritalunamoraes.blogspot.com/2011/05/carta-minha-amiga-zaira-uma-despedida-e.html - representou uma celebração em que pude homenagear amigos muito queridos, dos quais pude me reaproximar.

Frei Leonardo Boff, teólogo e escritor, disse no twitter http://twitter.com/#!/LeonardoBoff certo dia: “O cuidado é a essência do ser humano”. Penso que devemos “cuidar bem” de nossas amizades. Buscá-las quando distantes de nós. Cultivá-las quando perto. Alimentá-las pra que não se percam. Nem sempre a vida que distancia permite isso. É preciso cuidar.

Reestreitar os laços afetivos, fincados em outro momento, com as pessoas que marcam nossa vida, representou, sem dúvida, o meu melhor presente neste ano que acabou de acabar.

Disse eu, recentemente, também na seção “Carpe Diem” deste blogue: “Encontros e Despedidas, presentes que a vida nos dá”. Se nos despedimos de alguns amigos e familiares neste ano passado – seja porque morreram ou porque deles nos afastamos – e se fomos brindados com encontros inestimáveis, ambos, que são presentes, servem de alimento a fecundar nosso caminhar.

Não vou cansá-los nominando (cada um sabe os encontros, reencontros e despedidas que tivemos). Saibam todos que foram por mim intensamente vividos.

Certamente, hoje sinto que sou uma pessoa melhor!

Axé por todo 2012!