Um "cadinho" de mim

São Luís, Maranhão, Brazil
Rita Luna Moraes Assistente Social e Bacharel em Direito. Servidora pública federal aposentada.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Abertura do Encontro de Assistentes Sociais: Poesia, Cinema e Cordel que falam de nossa provocante realidade social

Poesias de Thiago de Mello, Cesar Teixeira e Ferreira Gullar e Cordeis,
na performance e na voz do artista maranhense Moisés Nobre.

Curtas-Metragens:
Do cineasta maranhense Francisco Colombo:

O incompreendido – realidade das crianças em situação de rua em São Luís
Reverso - Roubo a fotógrafo que rouba e mata o bêbado no Centro Histórico de São Luís

De Doty Luz e Humberto Capucci:

Aperreio – seca e enchentes no Maranhão 2010 em Tutóia, Vargem Grande e Pres. Juscelino. Bacabal, Trizidela, Pedreiras , Araioses – Direitos Humanos e cantorias na sabedoria da mulher camponesa , dos trabalhadores rurais e as agressões ao meio ambiente, somado ao descaso das “autoridades”.

Acesse o sítio eletrônico :
AMCV - Associação Maranhense de Cinema e Vídeo
ABD - Associação Brasileira de Documentaristas  
(Postado em tempo real à Abertura)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Carta a minha amiga Zaira: uma despedida e um novo caminhar

(enviada por e-mail, entregue pessoalmente e
disponível em: www.ritalunamoraes.blogspot.com
e link no www.facebook.com)
Querida,

Nestes tempos últimos, tenho experimentado uma revisita às memórias mais profundas que fizeram/fazem parte de minha trajetória pessoal e profissional.

E, envolvida em velhas memórias e novos desafios, decido adotar outro caminho profissional e, por extensão, também outro caminho pessoal (ou o contrário como quisermos entender), e compartilho contigo esta “viagem” ou, mais adequadamente, esta travessia.

Valho-me do nosso histórico “Encontro” de Assistentes Sociais, anual e ininterruptamente realizado há 32 anos, para despedir-me desta profissão, a que tenho a honra de pertencer desde que ingressei, em 1980, no Curso de Serviço Social da UFMA. Sempre comemorando o nosso Dia – 15 de maio!

Registro que escolhi, intuitiva e emocionalmente, este momento do Encontro para dar início ao “meu processo de transformação profissional” (como tudo em nós é um processo...), com a simbologia própria de quem não tem receio de olhar para trás. Fazemos sempre isso em nossos Encontros: análises e re/definição de rumos.

Minha análise primeira indica que, podes ter absoluta certeza, eu faria tudo de novo ou como na música, “começaria tudo outra vez”. Especialmente, se soubesse que, neste caminho, encontraria pessoas tão imensamente humanas, como amigos, professores, servidores e profissionais, com quem tive a especial felicidade de conviver.

(Agora, enquanto escrevo, ouço em meu netbookAquarius” e “Let The Sunshine In”, do célebre musical “Hair”. Muito inspirador. Sem prévia escolha, acionei meu arquivo e deixei tocar. Ouve a letra: “Este é o começo da época de aquário. Então a paz guiará os planetas. E o amor dirigirá as estrelas.” “Deixe o brilho do sol entrar.”)

Sob essa inspiração, é emocionante recordar nosso “grupo de estudos” e, depois, de militância estudantil no Curso, que nos uniu pra vida toda: Farrita (tua irmã), Helena, Ione, tu e eu. Encontrei, recentemente, ao mudar de residência, uma foto de parte de nossa turma, na qual estão vocês. Impossível não sentir saudades... Da que está perto (tu), das que estão longe (Farrita e Helena, em Rondônia) e daquela que já não sorri mais pra nós (Ione)!

Quantos fins-de-semana em tua casa, no Turu (na república de Parnaíba), estudando e debatendo os textos de Gramsci. Não bastasse a já presente complexidade gramsciana, Farrita sempre questionava o que não sabíamos responder e tu dizias: “Lá vem ela querendo saber por que o céu é azul...“ Ríamos muito, e ela não deixava a gente avançar, enquanto não tivéssemos, pelo menos, um “esboço” de resposta, para perguntar e debater depois com os Professores.

Ao falar em Professores, inicio rendendo minha homenagem à Irmã Joelina, como representação da antiga geração de mestres do nosso cinquentenário Curso. Impossível não lembrar, além dos ensinamentos próprios da profissão, o seu engajamento aos novos tempos com a liberação da Casa das Irmãs, no Largo dos Amores, para as reuniões pré-sindicais e estudantis e o total apoio a nossa organização como categoria profissional.

(Igualmente impossível esquecer sua interpelação à Ione (que adorava saias curtas), no corredor do Pimentão, se não havia dinheiro para comprar o restante do tecido... Com o tempo, até ela (a Irmã) achava engraçado – havia um sorriso docemente cúmplice.)

Da geração “Congresso da Virada e Movimento de Reconceituação”, tão caros a todas nós, penso que concordamos na referência à Professora Josefa, que desde ontem e até hoje marca nossa caminhada. Muitos, como eu, sempre nos sentimos bem representadas por sua existência pessoal, política e profissional, até quando discordamos nas “análises de conjuntura”.

Ainda lembrando os mestres – esses seres tão fundamentais em nossas vidas, desde criança -já na metade do Curso, pudemos contar com aqueles que voltavam do Mestrado, com leituras serenas e ao mesmo tempo instigantes da teoria e da prática profissionais. Homenageio a Professora Nonata, que nas aulas de “Questões Urbanas”, no antigo ILA, também no Largo dos Amores, contribuiu para que nossa veia investigativa aflorasse, nas pesquisas iniciais sobre a realidade da ocupação do espaço urbano pelas populações empobrecidas.

Dos servidores, homenageio em nome de todos,  a Raimundinha, Secretária da Coordenação, que vivia resolvendo nossos problemas (aluno dá trabalho, reconheçamos) e o Zé Raimundo, Administrativo, sempre alegre, com quem conviveria anos mais tarde, extra-UFMA, que morreu precocemente, sem que me permitisse vê-lo doente. Mais saudades!

Ingressei, profissionalmente, na área de Saúde, no ano seguinte à conclusão do Curso e merece destaque minha primeira Chefe – Dilma Beckman – no Hospital Materno Infantil. Um exemplo de firmeza e doçura!

(Neste instante, toca “Adágio”, de Albinoni, uma das músicas mais lindas que conheço. Embora muitos a vejam como “fúnebre”, considero-a uma celebração, talvez porque busco uma visão serena tanto da morte como da vida... Música própria ao falar de firmeza e doçura.)

Exerci, profissionalmente, o que me foi apresentado: execução, supervisão de profissionais e de estágio e coordenação de equipe. Transitei, ainda, por planejamento e orçamento e, mais recentemente, contribuí, também, na área de Assistência Social, aqui lembrando Margarete Cutrim, com quem, sob sua chefia, aprendi muito sobre gestão de políticas públicas.

Muitos professores e profissionais sempre me questionaram por que não ingressei na carreira do magistério superior. Desde a criação do Mestrado de Políticas Públicas, igualmente me perguntam quando vou fazê-lo. Antes de responder, faço o necessário registro da importância da Professora Ozanira para sua existência e excelência, agora incluído o Doutorado, ambos reconhecidos pela comunidade científica e referência em nosso Estado.

Relembro quando nos encontramos, àquela época, ela, como Coordenadora do Curso e nós, como representantes estudantis, em que, muitas vezes, havia interesses (ou visões e posições) discordantes, celebrados com a melhor das veemências.

Da militância estudantil no Curso, Celecina (hoje Professora), Presidente do Diretório Acadêmico pós-ditadura, e na Universidade, com o grupo “Guarnicê”, lembrado em Chico Gonçalves (também Professor), bem representam os bons tempos de “boa luta” pelos direitos democráticos e da educação de qualidade.

(Recentemente, nos velórios de familiares nossos, no mesmo dia e local, disse-me Chico que andava com “saudade das velhas amizades” e combinamos de celebrar outros encontros. Estou que nem ele...)

Para a militância sindical e partidária foi um pulo, nem um salto, pois àquela época era quase uma decorrência natural: no Sindicato e Conselho Profissional e, depois, no dos Previdenciários, integrando a CUT e o PT (de antes, bem explicado, não o de agora...). Toda essa experiência serve-me até hoje como farol a iluminar meus erros e acertos, do presente e do futuro.

Zaira querida, no tempo em que se aproximavam o Dia do Assistente Social e a realização deste Encontro, as lembranças ficaram mais profundas e, em meio à análise e re/definição de rumos que ora faço, digo-te que traço um novo caminhar, sem dúvida, sedimentado nas melhores experiências até aqui vivenciadas e compartilhadas na bondosa companhia dos que aqui homenageei, representativos dos tantos quantos comigo trilharam.

Concluirei o Curso de Direito e, no próximo Encontro, em 2012, ano especialmente simbólico pra mim, já não mais serei tão-somente Assistente Social. Buscarei novos desafios de exercício profissional e, como sempre, determinada a continuar pautando minha vida (pessoal e profissional) nos princípios e práticas ético-políticas emancipatórias (parafraseando o tema deste Encontro), aprendidos no Serviço Social e reafirmados no Direito.

Tive a honra de neste novo Curso e Profissão, contar com a convivência de “outro grupo de estudos”, ao qual denominamos “Diretoria”, também entusiasta do bom debate e da cultura da boa cerveja – originalmente, Cassas, Thyssia (que me lembra a Farrita, de tanto que questiona...), Gilberto, Augusto, Socorro, Washington e Cláudio. Também aqui fui representante de turma e ativa defensora dos direitos acadêmicos, igualmente, com bons embates e algumas conquistas junto à Coordenação de Curso.

Como nós do primeiro grupo, também firmamos amizade pra vida toda. Que privilégio tenho eu de poder viver esses laços afetivos e profissionais, já por duas vezes na mesma vida.

No início deste ano, motivada por muitos desses amigos, do Serviço Social e do Direito, inaugurei na internet “um espaço plural, despretensioso, prazeroso e cheio de luz!” para “compartilhar ideias e homenagear amigos” – o blogue Cartas: Pensamentos e Dicas (www.ritalunamoraes.blogspot.com), no qual publico o que penso, apresento dicas de cultura, faço militância política (ativismo on line) e debato comportamentos e divulgo as Cartas dirigidas aos amigos, mas de que me aproprio para falar a todos.

Esta semana, inseri a seção “Carpe Diem”, em tradução livre “Aproveite o dia!”, no início da página, onde expressarei uma ideia-base que me norteia. A deste momento: Se virmos cada dia, não como o último, mas, sempre, como se o primeiro fosse de nossas vidas, certamente, aproveitaríamos melhor cada vida!”

Como disse, apenas inicio o processo de transformação em meu exercício profissional, em um novo universo singular e plural. Como o primeiro dia do resto de minha vida, quis que tu estivesses presente, simbolizando todos que me fazem ser o que sou e me inspiram a aproveitar melhor cada vida.

Um beijo carinhoso,

Tua amiga Rita.






domingo, 15 de maio de 2011

Que Sexta-Feira - 13 (?!): Chorinho na Toca da Empada !

Nesta sexta-feira 13, pude testemunhar o quanto nossa cidade precisa de espaços assim: boa música, boa gente, boa bebida e boa comida! Boa cultura e entretenimento!
Agora, todas as sextas-feiras, às 19h, temos um espaço agradável para curtir chorinho. Na “Toca da Empada” no Renascença II, sob a direção dos atenciosos Alexandra e Martin e suas empadas caprichadas. O Projeto Na Toca do Choro estreou no dia 6 de maio e já está predestinado a fincar história na boemia da cidade. O bordão é mais que sugestivo: "Onde se toca empada, também se come choro".
Durante mais de três horas João Eudes (violão sete cordas), João Neto (flauta), Wanderson (percussão) e Wendell Cosme (cavaquinho) brindaram os presentes com clássicos do chorinho. Este o Regional Azeitona Brasil. E ainda Robertinho Chinês, um jovem craque instrumentista que, no dia anterior, lançou seu CD no Teatro.
Participação especial de Sávio Araújo, saxofonista maranhense de renome internacional. Música instrumental de belíssima qualidade, interpretada com sensibilidade e virtuosismo.
IMPERDÍVEL!
Toca da Empada: Edifício Executive Center (Rua Queóps, Renascença II - térreo da locadora Backbeat. Situando: entra na rua do Bob’s, a 1ª à esquerda)  
O couvert artístico individual custa apenas R$ 10,00. Vale a pena!

quinta-feira, 12 de maio de 2011

A poesia invadiu o STF e fez-se o fato histórico: o reconhecimento da união homoafetiva como união estável em igualdade de direitos

Há uma semana, assistimos o Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecer à união homoafetiva (entre pessoas do mesmo sexo) a mesma natureza jurídica da união estável entre o homem e a mulher que convivem, mesmo sem o casamento. (União estável já assegurada pela Constituição Federal, no capítulo destinado à Família - art. 226, § 3º)

Aqui não comentarei os argumentos jurídicos fundados na igualdade, liberdade e dignidade da pessoa humana. Nem adentrarei nos meandros das discussões hermenêuticas. Embora, os dois dias de sessões, tenham sido pródigos em ambos os aspectos e, sem dúvida, nos sirvam, a nós que nos debruçamos sobre o Direito, como verdadeiras aulas, daquelas que não têm folha de freqüência nem um professor chato a discorrer teorias sem calçá-las na realidade.

Trago a todos que me honram com a leitura deste blogue, o que me emocionou!
Disse-me minha  amiga Jordana, há algumas semanas, que “sou movida pelo emocional”. Ando tão transparente que até os que me recém conhecem me reconhecem!

Assim, parafraseando: “Meninos e Meninas: eu vi, ouvi, li e compartilho!”

A poesia invadiu o STF – nas proposições, nas defesas orais e nos votos dos ministros.     E invadiu as ruas, nas quais, pessoas até bem pouco “invisíveis” no mundo jurídico, foram às lágrimas ao verem reconhecidos como seus os direitos antes ofertados apenas aos outros.

O ilustre Professor Luís Roberto Barroso (UERJ), (para mim, o maior constitucionalista brasileiro contemporâneo, especialmente, no que se refere à constitucionalidade das normas jurídicas), e cuja página na internet  http://www.luisrobertobarroso.com.br/inicial.html   sugiro a todos (sim, a todos, e não apenas aos amigos do Direito, pois trata de Direito, Música e Poesia) trouxe em sua brilhante sustentação oral (a defesa) a beleza que todo texto jurídico deve conter, possível de ser assistida nos links abaixo do youtube:


Para dar o gosto a que assistam os vídeos, apenas destaco os seguintes momentos poéticos, inseridos na forte argumentação jurídica que fez em plenário do sóbrio STF:

“O que vale a vida são os nossos afetos.”, disse ao iniciar a defesa. (grifado por mim)

“O amor que não ousa dizer o seu nome.”, citando Oscar Wilde, do poema Two Loves, ao situar historicamente a perseguição a que estiveram sempre submetidos os homossexuais.

Do navegador Amyr Klink, trouxe a razão da proposta: “na vida, o maior naufrágio é não partir“.

Ao final, foi advogado, cidadão e pai:

“E aqui concluo, senhor presidente, com o argumento que me parece o mais importante de tudo o que eu lhes disse, disse às vossas excelências até aqui, que é a regra de ouro: “Faz aos outros o que deseja que te façam“.
Eu tenho, como alguns dos senhores saberão, um filho de 12 anos. Que está entrando na puberdade. Minha mulher e eu o educamos dentro de uma cultura convencional, dentro de uma tradição heterossexual, porque o humanismo exige que não seja hipócrita. E, portanto, a vida, integrando as maiorias, é um tanto mais fácil. Porém, senhor presidente, senhores ministros, se a vida, pelos seus desígnios, levasse o meu filho por um caminho diferente, eu gostaria que ele fosse tratado com respeito e consideração.
Com igual respeito e consideração. E que fosse acolhido pelo ordenamento jurídico. E que pudesse viver em paz. Em segurança. E ser feliz.
E se é isso que eu desejo para o meu filho, evidentemente é isso que eu devo desejar para todas as pessoas. Essa é a regra de ouro. Que está no coração do judaísmo, que está no coração do cristianismo, na ética kantiana, na boa fé objetiva, e é a única forma de se fazer o bem.”

No blogue do Professor Barroso, fiz o seguinte comentário, que pode ser lido no link 

Caríssimo Prof. Luis Roberto Barroso,
Emocionei-me muito ao ouvir sua sustentação no STF.
Orgulho-me de cursar Direito (aqui no Maranhão) quando vejo Professores como o Senhor
a nos ensinar de modo tão candente o que não se encontra nos livros acadêmicos.
Com certeza, seu filho de 12 anos tem motivos para se orgulhar do pai que tem!
Saudações!
Rita Moraes

Recolho do voto do Ministro Ayres Britto, relator dos dois processos em julgamento:

“Em suma, estamos a lidar com um tipo de dissenso judicial que reflete o fato histórico de que nada incomoda mais as pessoas do que a preferência sexual alheia, quando tal preferência já não corresponde ao padrão social da heterossexualidade. É a perene postura de reação conservadora aos que, nos insondáveis domínios do afeto, soltam por inteiro as amarras desse navio chamado coração.” (grifado pelo autor)

Ao discorrer sobre o vocábulo “homoafetivo” e suas diversas conceituações, conclui:
“Trata-se, isto sim, de um voluntário navegar por um rio sem margens fixas e sem outra embocadura que não seja a experimentação de um novo a dois que se alonga tanto que se faz universal.” (grifado por mim)

Mais adiante, citando Fernando Pessoa, para tratar da ideia que se tem da homoafetividade:

“O universo não é uma ideia minha./A ideia que eu tenho do universo é que é uma ideia minha”.

Na primeira síntese que faz de seu primoroso voto jurídico-poético, o Ministro Britto:

“Por isso mesmo que de sua rasa e crua desproteção jurídica, na matéria de que nos ocupamos, resultaria brutal intromissão do Estado no direito subjetivo a uma troca de afetos e satisfação de desejos tão in natura que o poeta-cantor Caetano Velloso bem traduziu na metafórica locução “bruta flor do querer”. (grifado por mim, para lembrar que postei a música “O Quereres” neste blogue, de onde se extrai o verso citado)

O Ministro-poeta Ayres Britto (que de fato é autor de vários livros de poesia) ainda nos traz em seu voto outras tantas passagens que valem a pena serem lidas no link http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=178792

Voltarei ao assunto, para mostrar outras “pérolas” poéticas desse “julgamento histórico”.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

O Quereres - Caetano Veloso

Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão

Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês

Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor

Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassilabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói

Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e é de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és

Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor

Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rock`n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus

O quereres e o estares sempre a fim
Do que em ti é em mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente impessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há, e do que não há em mim

segunda-feira, 2 de maio de 2011

SBPC pede adiamento da votação do projeto do Código Florestal

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) defenderam na Câmara o adiamento da votação do projeto do Código Florestal (PL 1.876/1999), com o argumento de que, com mais tempo para as discussões, será possível produzir uma legislação mais moderna, da qual o País se orgulhe. A presidente da SBPC, Helena Nader, entregou ao presidente da Câmara, Marco Maia, o resultado de um estudo científico com subsídios para a discussão do código. O texto tem cerca de 130 páginas e engloba o resultado de mais de 300 trabalhos científicos. Segundo Helena Nader, a proposta apresentada pela ciência “é a favor da agricultura e da biodiversidade conciliadas”. O documento também será entregue aos ministros da Casa Civil, da Agricultura, do Meio Ambiente, da Ciência e Tecnologia, da Educação e da Integração Nacional.

Fonte: www.sintese.com