Um "cadinho" de mim

São Luís, Maranhão, Brazil
Rita Luna Moraes Assistente Social e Bacharel em Direito. Servidora pública federal aposentada.

terça-feira, 29 de março de 2022

Cheguei aos 60. E agora, Rita?

Neste último dia 23 de março de 2022, completei 60 voltas ao redor do sol. Somente hoje pude registrar em texto algumas reflexões (no dia em que virei idosa, estava de repouso forçado, cuidando de mim).

Ao contrário do que a maioria talvez fizesse, em um “balanço de vida”, não começo pela gratidão (e digo logo que desgastaram muito esta palavra), mas reconhecendo, para mim mesma, principalmente, o que errei. Sim, sou muito exigente comigo, em primeiro lugar!

Reconhecer meus limites, o que me falta, como vivo a relação com os outros, o que não quero mais para mim e o que espero saber para o que desejo na 3ª. parte da vida (não conto de 25 em 25 anos, mas de 30 em 30, porque passarei dos 90, mas não chegarei aos 100). Sim, tenho certezas!

Aqui não haverá revelações dos resultados a que cheguei com estas reflexões. Esperem e observem para ver e sentir, em todas as dimensões da vida. Apreciem os 30 anos que virão!

Se até aqui, posso dizer que foi bom, exigente que sou, digo que não foi “bem bom” o quanto eu queria. Aguardemos os próximos anos!

Tudo certinho, planejado, no cenário ótimo? Que nada! A terra não é plana, por que eu teria que ser? Vou bater cabeça, errar e acertar, de novo e de novo, desistir e esperançar, e desistir, de novo. E esperançar, de novo. Onde isto vai dar? Sei lá! Vamos descobrindo! Ando cansada de acreditar que dependa de mim. Num mundão desse, tem mais para além das minhas forças. Mesmo sendo essencial. E ainda sei tão pouco das vidas por aqui.

Sou grata, especialmente, às mulheres fortes que estiveram comigo nestes anos. Vou citar duas: minha avó materna Maria (que conheci até meus 18 anos) e de quem lembro que gostava de viajar (eu também!) para ver os filhos que moravam fora e minha véia Hildenê, mamãe com seus quase 97 bem vividos anos (até hoje minha melhor Professora - ela que ensinou a tantos, pelo interior do Maranhão) e de quem herdei o hábito pela leitura e pela escrita (de um tudo lemos e escrevemos, das coisas do dia a dia, das legendas nas fotos dos álbuns a anotar o que não é pra esquecer) e o gosto por música, acrescido de ter resposta pra tudo, boa nos argumentos e no cuidar dos outros. Melhores heranças eu não poderia ter!

Aos demais, familiares, amigos e companheiros de estrada, mulheres e homens, expresso em vida, no sorriso, no semblante fechado ou num presente especial o que representam para mim, às vezes até digo também com palavras. Minhas atitudes são a melhor expressão do que sou. Brinco sempre que não gasto meu abraço com qualquer pessoa. Nem meu sorriso. Menos ainda minha gargalhada. O tempo veio me mostrando o quê e quem realmente importam.

Antes que as águas de março fechem o mês, vim aqui, neste dia 29, deixar um pouco de mim, para (re)encontrar-me com cada vida que trilha meu caminho. Estarei por aqui, mais um bom tempo! Que seja “bem bom”!

Rita de Cássia Luna Moraes


segunda-feira, 30 de novembro de 2020

 

Café e Cerveja com Rita – 01/2020

30 de novembro de 2020

Aqueles que me conhecem, sabem que gosto de café e de cerveja. E de conversar. E de escrever. Necessariamente fora de qualquer ordem.

Assim, resolvi, por diversos motivos, retomar esses prazeres, de modo mais frequente. Sim, porque, para mim, tem que ter prazer no que se faz. Mesmo nas adversidades.

O tempo, este Senhor Rei, me ensinou que serenidade, radicalidade e prazer devem andar juntos. Para alguns, pode parecer contraditório: mas não é! Serenidade, para ouvir, ver e refletir sobre todas as expressões; radicalidade nos valores e propósitos e prazer, porque sem amor pelo que se vive não vale a pena viver.

Retomo, hoje, neste 30 de novembro de 2020, não por acaso. Vivemos, no país, mais um daqueles momentos a nos desafiar, a todos nós, os seres de boa vontade, das causas coletivas e da luta por transformação social. Não podemos nos acomodar diante do aprofundamento das desigualdades sociais.

É com este horizonte que chamo todos os que quiserem a tomar café e/ou cerveja e conversar. Os companheiros e companheiras de ontem, os mais velhos, da minha geração; aqueles que me serviram/servem de referência e os mais novos, que se dispuserem a conversar e trocar.

Dois lugares são bons, para mim, para reflexões e definição de ações práticas: ambos, em um mesmo símbolo de partilha – a mesa: de café e de bar. Com alguns, vamos de café; com outros, de cerveja. Mas, com todos, a mesma disposição para ouvir, falar, propor, agir.

Aqui estou. E convido você.

Algumas vezes, pelas medidas de prevenção, ainda será mesmo virtual. Tão logo seja aceitável, vamos nos encontrar, ao vivo e em cores para um café, quem for de café e para uma(s) cerveja(s), quem for de beber. Ou ambos.

Em tempos de mensagens instantâneas, considero escrever e conversar a partir de textos para cada formato de comunicação. Pretendo dividir o que já aprendi, o que leio, o que vejo, as análises e reflexões que considero importantes e assim trilhar um caminho que possamos seguir.

Um aviso: não faço debates públicos sobre questões sensíveis. Autocríticas e críticas às ações de diversos atores sociais, reservo para os espaços próprios. E basta uma pesquisa nos meus perfis para saber como me comporto. Manifestar posição política crítica faz parte da atuação da cidadania pela qual tanto lutaram nossas referências históricas. Mas não a qualquer preço, nem para ganhar curtidas.

As redes sociais, que tanto nos ajudam a conhecer pessoas, estudos e práticas, também servem, se mal conduzidas, para desagregar e desmotivar tantos que, desconhecendo todos os fundamentos das mensagens, permanecem na superfície da realidade e tomando como verdade aquela mensagem que lhe apareceu.

Segundo aviso: vamos tomar esse café ou essa(s) cervejas quando possível. Não esperem café só pela manhã e cerveja só pela noite (ainda que sejam mais habituais). Ou seja, pode aparecer motivo para conversar, a qualquer hora. Sem tempo marcado. Ou obrigação de postar e sentar.

Segue a vida. E bela. E complexa. E desafiadora. Sigamos nós nela. Cá estamos!

terça-feira, 17 de novembro de 2020

 Quem faz análises e antecipa cenários, pouco se surpreende, prepara o fígado e não infarta

A maturidade, também política, nos impõe a reflexão necessária e exaustiva, antes de tomar decisões. Vale para aquelas que tomamos com gosto, e, mais ainda, para as que nos são difíceis, mas necessárias para seguir caminhando.

A vida profissional e pessoal de muitos ativistas e defensores das causas dos direitos humanos tem coerência em fundamentos sólidos, que vem de muitos anos de construção coletiva e histórica. Muitos desafios, renúncias, conquistas, derrotas, vida e morte!

Já atravessamos, recentemente, Golpes Civil-Militar em 64, em Jackson Lago, em Lula e Dilma e a subida da extrema-direita com Bolsonaro com seus militares e civis, que nos trouxeram onde estamos. Bem antes e somente ver onde eles acertaram nos cabe avaliar em quê e como estamos errando, nos caminhos que adotamos.

Sem pressionar por autocríticas e críticas, temos que abaixar nossas armas entre nós, neste campo das esquerdas. Estamos muito longe de alcançar ser representantes das populações sofridas de nosso país. Enquanto não nos voltarmos para perto daqueles que sofrem, todos os dias, as mazelas das desigualdades não podemos esperar que votem nos nossos melhores candidatos, nas eleições, em tempos de zap zap e avanço de forças que atuam no vácuo das políticas públicas, a exemplo das milícias, das facções criminosas e de líderes religiosos vendilhões dos templos.

Estamos vivos! Resistimos e sobrevivemos aos Golpes. Em nome e em memória dos que tombaram para que estivéssemos aqui, não podemos nos isolar ou omitir, a cada derrota. As análises de conjuntura, que sempre fazemos nas intermináveis reuniões, deve nos servir para antecipar cenários. Quem assim o faz, pouco se surpreende, prepara o fígado e não infarta.

Há que se permanecer na defesa da radicalidade de nossas causas. Apoiar um candidato que não seja de nossa definição política e pessoal, por tantos senões que ele possa ter não nos afasta, necessariamente, de nossas raízes.

Quantas vezes já votamos por princípios e nossos candidatos perderam! Há momentos em que isto cumpre seu papel. Em outros, apoiamos candidatos menos ideológicos e alcançamos alguns avanços. Nosso erro, tem sido, penso eu, parar na eleição ou apenas olhar para o povo neste período e ainda dizer que não sabe votar.

Gostaria de ter um #Boulos pra chamar de nosso em vários lugares, sim! Como já o tivemos com muitos Lulas e, agora, com as sementes de #Marielle. Mas, neste momento, ainda não temos. Precisamos construir e os exemplos dos mandatos coletivos, que já antevia há alguns anos, agora chega por aqui também a nos esperançar.

Há um ditado que diz que quando se está feliz ou triste não devemos tomar decisões importantes, porque estaremos contaminados. Esperar passar um tempo, respirar fundo, avaliar bem e, então, resolver e seguir e caminhar, porque, independente de nós, a vida segue. Melhor que seja conosco escolhendo, errando, acertando, comprometendo-se por tantos, na superação de nossas históricas desigualdades.

Que estas linhas sirvam à reflexão e à decisão de cada um (a) de nós!

sábado, 12 de setembro de 2020

 

Algumas razões por que

APOIO E VOTO em Rubens Júnior e Honorato Fernandes

para a Prefeitura de São Luís do Maranhão,

 

Com quase 60 anos e, desde os 18, estudando, analisando e aprendendo os caminhos da atuação política, que fazem a vida real acontecer, posso dizer que já vi muita coisa nesta nossa querida cidade (um espelho, sem dúvida, do que representam nosso Estado e país).

Há algum tempo, estou cansada. Digo aos companheiros e companheiras de jornada, de antes e de agora, que eu esperava, na minha velhice, não precisasse mais lutar por direitos básicos. Ou, ao menos, não fosse pelos mesmos direitos.

Eis que a história vem e dá de cambalhota! Continuamos a luta pela terra, pelo trabalho digno e por justiça social. E, com contornos ainda mais assustadores, porque, desde 2013, estamos vindo ladeira abaixo. Décadas perdidas e gerações desesperançadas.

AMO São Luís. Aqui nasci e me criei. Ando a pé pela cidade. Vivi intensamente sua noite. Reclamo do transporte coletivo há anos.

Trabalhei como Assistente Social na saúde da Mulher e da Criança/Adolescente; como técnica em planejamento/orçamento e desenvolvimento econômico (a ideia das feirinhas livres nasceu de nossa equipe nos anos 90), transitei pela formulação dos editais para ações na cultura (especialmente, aquelas invisíveis).

Tenho orgulho do que fiz até aqui para contribuir na conquista de uma cidade que atenda às pessoas e que as valorize como capital mais importante de sua existência histórica.

Mais uma vez, somos chamados à eleição de seus dirigentes, a quem confiamos, por alguns anos, a condução de seus destinos. Não é possível ficar de fora. A omissão nunca fez parte da minha vida. Sempre tive lado! E é pela esquerda, sim! Sempre!

O que conquistamos como direitos básicos está sendo destruído, pelo Governo Civil-Militar, à frente Bolsonaro e Mourão. E resistimos e devemos nos contrapor, em todos os níveis. A eleição é somente um momento. Importante. Mas a luta é diária. Deve compreender as populações que estão sendo empobrecidas ainda mais e, por elas, dedicarmos os nossos melhores esforços.

Em nosso Estado, desde 2015, trabalho e estou ativa nas conquistas por avanços nos índices de desenvolvimento humano e por espaços de participação popular. Sob a liderança de Flávio Dino, sigo em luta para que continuemos nessas conquistas e alcancemos outras, na esteira ampla dos direitos humanos, priorizando a educação, a saúde e a agricultura familiar.  

São Luís, capital do Estado, precisa avançar na superação de seus problemas crônicos e destinar às futuras gerações uma cidade inclusiva para as pessoas com deficiências, moradia digna, a valorização da cultura, o respeito às pessoas de suas periferias e acesso digital amplo nas praças reformadas e ambientes públicos.

Dos candidatos que se apresentam para governar nossa cidade, acredito que Rubens Júnior e Honorato têm credenciais para ouvir esses reclamos em defesa dos que mais precisam ver seus direitos respeitados. E podem agir para fazer avançar.

Acompanho a trajetória política de Rubens Júnior e suas posições até aqui demonstram que estou do lado certo da história ao apoiá-lo. Não o conheço, pessoalmente, mas também outras pessoas de referência, como o companheiro Chico Gonçalves, me ajudaram a decidir.

Conheço Honorato desde que ele era criança, pois é filho da saudosa e querida Professora de Serviço Social, militante histórica do movimento de mulheres e ativista política, Ieda Batista, uma referência de vida para tantos que a conheceram e sabem de seu legado. Sua experiência como Vereador de São Luís, certamente, lhe dá a capacidade de saber do que precisamos e contribuir para que os avanços se façam.

Estou disponível para mobilizar, votar e cobrar, como sempre fiz até hoje.

Mais uma vez, é hora de Guarnicê!

#ForaBolsonaroeMourão

#RubensJrPrefeito

#HonoratoVice

#ÉpraVencer

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Uma mensagem para o fim e o início do ano e da vida

Último mês do ano e... que ano...! Muitas vezes dissemos isto Para o bem e para o mal Conquistas e frustrações Sonhos alcançados Expectativas não realizadas Mesmo tendo conquistas, eu continuo desejando mais Gratidão eu tenho Inquietação também O quê fazer com tamanha intensidade
Viver com intensidade tem sido desafio aumentado
Observo certa acomodação em contentar-se com o possível, ainda que mediano
Pessoas que se retraem Que condicionam seus dias a viverem na mesmice, por mais que esta até seja válida
Difícil encontrar quem não tenha agenda, horários marcados, programas acertados Lazer só no fim de semana, quando se permitem, sem culpas Deixar-se conduzir ante o espanto da vida Ir à praia na terça-feira Almoçar sem o celular na mesa Estar com as pessoas conversando sem necessidade de selfies, guardar os momentos nas memórias vivas e não nos cartões de memória
Demonstrar ao outro que se importa Do nada Sem que o outro espere Estar presente, mesmo distante Sentir que se tem com quem contar Nesse mundo maravilhoso - que nos une e nos separa de modos tão inesperados
Trazer para dentro de cada dia
um pouco que seja do melhor que pudermos ser para atender a nós mesmos, essencialmente, Para além de cumprir as metas do trabalho Para muito além do planejado Dias mais aleatórios, surpreendentes, desafiadores Fora das caixinhas que nos aprisionam Esbanjar afetos
Cicatrizar as feridas de uma vez Sem renovar a mesma dor, várias vezes Dispor-se a novas dores E a novas alegrias
Reflexões de fim de ano? Não Do ano todo Da vida toda Sem respostas prontas Mas na busca da intensidade que quase se perde No mar de artificialidades e sem-importâncias
Os olhos que vêem a superfície da vida
não sabem o que perdem com medo de aprofundar-se Assim na vida material, quando se mantém fazendo as mesmas atividades por tempos e tempos E na vida emocional, quando não consegue se relacionar com novas pessoas, ainda que haja infelicidade com quem está
Atento para mim mesma Num esconderijo pessoal, em que as portas teimam em se fechar Num desejo imenso de seguir viagem, trazendo as pessoas que a vida vai ofertando Sem esperar que venham Celebrando quando chegarem De mãos dadas De abraço apertado De beijo doce e quente Intensos