Quem faz análises e antecipa cenários, pouco se surpreende, prepara o fígado e não infarta
A maturidade, também política, nos impõe a reflexão necessária
e exaustiva, antes de tomar decisões. Vale para aquelas que tomamos com gosto,
e, mais ainda, para as que nos são difíceis, mas necessárias para seguir
caminhando.
A vida profissional e pessoal de muitos ativistas e
defensores das causas dos direitos humanos tem coerência em fundamentos
sólidos, que vem de muitos anos de construção coletiva e histórica. Muitos
desafios, renúncias, conquistas, derrotas, vida e morte!
Já atravessamos, recentemente, Golpes Civil-Militar em 64, em
Jackson Lago, em Lula e Dilma e a subida da extrema-direita com Bolsonaro com
seus militares e civis, que nos trouxeram onde estamos. Bem antes e somente ver
onde eles acertaram nos cabe avaliar em quê e como estamos errando, nos
caminhos que adotamos.
Sem pressionar por autocríticas e críticas, temos que
abaixar nossas armas entre nós, neste campo das esquerdas. Estamos muito longe
de alcançar ser representantes das populações sofridas de nosso país. Enquanto
não nos voltarmos para perto daqueles que sofrem, todos os dias, as mazelas das
desigualdades não podemos esperar que votem nos nossos melhores candidatos, nas
eleições, em tempos de zap zap e avanço de forças que atuam no vácuo das políticas
públicas, a exemplo das milícias, das facções criminosas e de líderes
religiosos vendilhões dos templos.
Estamos vivos! Resistimos e sobrevivemos aos Golpes. Em nome
e em memória dos que tombaram para que estivéssemos aqui, não podemos nos
isolar ou omitir, a cada derrota. As análises de conjuntura, que sempre fazemos
nas intermináveis reuniões, deve nos servir para antecipar cenários. Quem assim
o faz, pouco se surpreende, prepara o fígado e não infarta.
Há que se permanecer na defesa da radicalidade de nossas
causas. Apoiar um candidato que não seja de nossa definição política e pessoal,
por tantos senões que ele possa ter não nos afasta, necessariamente, de nossas
raízes.
Quantas vezes já votamos por princípios e nossos candidatos
perderam! Há momentos em que isto cumpre seu papel. Em outros, apoiamos
candidatos menos ideológicos e alcançamos alguns avanços. Nosso erro, tem sido,
penso eu, parar na eleição ou apenas olhar para o povo neste período e ainda
dizer que não sabe votar.
Gostaria de ter um #Boulos pra chamar de nosso em vários
lugares, sim! Como já o tivemos com muitos Lulas e, agora, com as sementes de
#Marielle. Mas, neste momento, ainda não temos. Precisamos construir e os
exemplos dos mandatos coletivos, que já antevia há alguns anos, agora chega por
aqui também a nos esperançar.
Há um ditado que diz que quando se está feliz ou triste não
devemos tomar decisões importantes, porque estaremos contaminados. Esperar
passar um tempo, respirar fundo, avaliar bem e, então, resolver e seguir e
caminhar, porque, independente de nós, a vida segue. Melhor que seja conosco
escolhendo, errando, acertando, comprometendo-se por tantos, na superação de
nossas históricas desigualdades.
Que estas linhas sirvam à reflexão e à decisão de cada um (a)
de nós!
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