M A R C H A
Pedro Tierra (Hamilton Pereira da Silva)
poeta, ex-preso político
Venho da pátria dos tormentos.
Venho de um tempo de crimes.
Venho das chagas que a noite
lavrou na carne dos homens.
Não pedirei perdão
à corte dos meus carrascos
pelo grito de rebeldia
arrancado do meu sangue,
pelo sonho, pelo sonho,
pelas armas, pela marcha do meu povo, contra os muros!
Como se desata o cereal da terra,
levanto meu corpo de trigo
do corpo estendido de Orocílio Martins, sementeira de fúrias e esperanças – sangrando nas ruas rebeladas de Minas.
Liberto meu canto de pássaro
da voz impossível dos mortos:
luz acesa no porão da treva,
memória enterrada do povo.
E canto pela boca destroçada
do Comandante Carlos Marighella
dez séculos depois do silêncio;
pela garganta emudecida
de Mário Alves, grito eterno que anda;
pelos olhos vazados de Bacuri,
estrelas sangrando na memória;
pelas cabeças cortadas no vale do Araguaia, terra de rebelião;
pelo peito metralhado do Capitão Carlos Lamarca, granito de sonho enterrado, entre as pedras do sertão;
pelo corpo mutilado de Manoel Raimundo Soares,
nas águas do Rio Guaíba,
sangue dos ventos do sul;
pelas mãos atadas de Alexandre,
arados de terra livre; pelo sangue derramado de Aurora Maria do Nascimento, promessa de amanhecer.
E me faço boca de todas as bocas
assassinadas, canto de todos os cantos aprisionados, sonho de todos os sonhos submergidos, pela mão armada dos carrascos do meu povo.
Hoje, o Poder se absolve dos seus crimes. Mantém à sombra dos seus murosos açoites e as vergastas.
Recolhe sob a manga verde-oliva
as mãos ensangüentadas dos verdugos
Venho de um tempo de crimes.
Venho das chagas que a noite
lavrou na carne dos homens.
Não pedirei perdão
à corte dos meus carrascos
pelo grito de rebeldia
arrancado do meu sangue,
pelo sonho, pelo sonho,
pelas armas, pela marcha do meu povo, contra os muros!
Como se desata o cereal da terra,
levanto meu corpo de trigo
do corpo estendido de Orocílio Martins, sementeira de fúrias e esperanças – sangrando nas ruas rebeladas de Minas.
Liberto meu canto de pássaro
da voz impossível dos mortos:
luz acesa no porão da treva,
memória enterrada do povo.
E canto pela boca destroçada
do Comandante Carlos Marighella
dez séculos depois do silêncio;
pela garganta emudecida
de Mário Alves, grito eterno que anda;
pelos olhos vazados de Bacuri,
estrelas sangrando na memória;
pelas cabeças cortadas no vale do Araguaia, terra de rebelião;
pelo peito metralhado do Capitão Carlos Lamarca, granito de sonho enterrado, entre as pedras do sertão;
pelo corpo mutilado de Manoel Raimundo Soares,
nas águas do Rio Guaíba,
sangue dos ventos do sul;
pelas mãos atadas de Alexandre,
arados de terra livre; pelo sangue derramado de Aurora Maria do Nascimento, promessa de amanhecer.
E me faço boca de todas as bocas
assassinadas, canto de todos os cantos aprisionados, sonho de todos os sonhos submergidos, pela mão armada dos carrascos do meu povo.
Hoje, o Poder se absolve dos seus crimes. Mantém à sombra dos seus murosos açoites e as vergastas.
Recolhe sob a manga verde-oliva
as mãos ensangüentadas dos verdugos
e espera...
E as mães aflitas do povo tecem nos cegos teares da dor um espesso tecido de agulhas infinitas:
Quem responderá pela morte
dos meus filhos?
Quem responderá pelos torturados
até a loucura?
Quem assassinou a esperança
de Frei Tito?
Quem prestará contas ao meu coração
pelo destino dos devorados?
Pelas vidas, pelos sonhos
que a Noite transformou em cruzes?
Hoje, o Poder se absolve dos seus crimes. Recolhe sob a manga verde-oliva as mãos ensanguentadas dos verdugos
E as mães aflitas do povo tecem nos cegos teares da dor um espesso tecido de agulhas infinitas:
Quem responderá pela morte
dos meus filhos?
Quem responderá pelos torturados
até a loucura?
Quem assassinou a esperança
de Frei Tito?
Quem prestará contas ao meu coração
pelo destino dos devorados?
Pelas vidas, pelos sonhos
que a Noite transformou em cruzes?
Hoje, o Poder se absolve dos seus crimes. Recolhe sob a manga verde-oliva as mãos ensanguentadas dos verdugos
e
espera...
Do ventre fecundo, das filhas do povo, das cinzas dos ranchos,
da terra queimada, das marchas, das greves,das ruas feridas
nascerão seus julgadores!
Do ventre fecundo, das filhas do povo, das cinzas dos ranchos,
da terra queimada, das marchas, das greves,das ruas feridas
nascerão seus julgadores!
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