Um "cadinho" de mim

São Luís, Maranhão, Brazil
Rita Luna Moraes Assistente Social e Bacharel em Direito. Servidora pública federal aposentada.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Sobre a matéria do rim no Fantástico

Assisti no último domingo à matéria que tratou do caso de um rim, que deveria ter sido transplantado em uma paciente, no Hospital Universitário Presidente Dutra (HUPD). Fiquei bastante atenta: porque sou profissional da área de saúde, porque sou doadora de órgãos e, claro, porque se tratava de um caso de nosso Estado, divulgado em rede nacional no programa televisivo mais assistido aos domingos, por todas as classes sociais.
Ao final da reportagem, pareceu-me que a TV Globo foi leviana ao apresentar as fotos e nomes dos médicos (as) responsáveis pelo transplante. Do que compreendi, aqueles profissionais não cometeram nenhum crime. Tanto que o Ministério Público, segundo o Promotor da Saúde ouvido pela TV, está a promover uma ação contra o Hospital e não contra os profissionais. Fiquei a me perguntar quanto essa "irresponsabilidade" da reportagem causará de danos à imagem pessoal e profissional daqueles médicos. (Obs: Não conheço nenhum deles, tão pouco estou a defender a Administração do HUPD).
Que há de se investigar o destino adequado dado àquele rim que não pode ser transplantado, não resta a menor dúvida! Mas daí a atribuir (ou insinuar) que a responsabilidade é daqueles profissionais... ou pior, deixar no ar uma "suspeita" de tráfico de órgãos... foi absurdo!
Fiquei bastante indignada, porque a TV Globo da forma como apresentou o caso, prestou um grande desserviço à luta incansável para que um maior número de pessoas seja doador de órgãos. Depois, não adianta, hipocritamente, fazer uma novela "defendendo" a doação de órgãos! Se, em uma reportagem, ao deixar "suspeitas" no ar, espalha a insegurança no sistema de transplantes. A própria paciente, que não pode receber o rim, não quer mais entrar na fila de transplante. Lembrando: só existe fila, porque não existem doadores em número suficiente à necessidade. E, quando há qualquer desvirtuamento ou fraude, devem ser apurados, mas nunca deixar de se estimular a doação de órgãos.
Ontem, à noite, recebi de uma colega, o e-mail que a Dra. Teresa Cristina, Coordenadora do Serviço de Transplante Renal do HUPD encaminhou à TV Globo. Como eu não vi a emissora divulgá-lo, repasso a todos, porque, no mínimo, merece que seja conhecido. Sei de muitas pessoas que comentaram este assunto aqui em nossa cidade e, penso, que ter conhecimento da posição desta médica contribui para uma visão mais ampla.

"Quero expressar aqui minha revolta com a TOTAL IRRESPONSABILIDADE da reportagem sobre sumiço de órgãos no MA. A reportagem em nenhum momento mostrou que o laudo da contra prova mostrou que os fragmentos de rim enviados pelo hospital foram totalmente compatíveis com o DNA do doador. O Hospital, ao contrário do que é dito na reportagem, não entregou fragmentos de rim, mas a peça completa a pedido da família e sem a devida cadeia de custódia a família apresentou à Justiça um rim que não é compatível com o doador', bem como com os fragmentos emblocados em parafina e que foram retirados do rim doado antes de ser entregue a família. O Fantástico, assim, presta um desserviço a todos os pacientes que necessitam de um transplante uma vez que coloca em dúvida a seriedade deste tratamento. Fico impressionada com uma emissora do porte da Globo que age como uma imprensa marrom. O processo ainda terá andamento e a verdade será trazida e vocês terão que se retratar diante da população, e principalmente perante os profissionais com os quais vocês faltaram com o respeito."

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